Quando um papa morre ou renuncia, a atenção do mundo se volta para o Vaticano. É lá, por trás das portas fechadas da Capela Sistina, que acontece um dos rituais mais antigos e enigmáticos da Igreja Católica: o conclave. O termo vem do latim “cum clavis”, literalmente “com chave”, e remete ao confinamento dos cardeais eleitores em um processo envolto em segredo e simbolismo.

O conclave deve começar entre 15 e 20 dias após a morte ou renúncia de um pontífice. Sendo assim, a votação para o sucessor do papa Francisco deve iniciar na primeira semana de maio, entre os dias 6 e 11.
O prazo tem como objetivo garantir que todos os cardeais com direito a voto, aqueles com menos de 80 anos até a data da morte do papa, possam chegar a Roma a tempo. São eles os responsáveis por eleger o novo líder da Igreja Católica e também podem ser eleitos, embora estejam proibidos de votar em si mesmos.
Rituais
O primeiro dia do conclave costuma ser reservado a missas e orações. Depois disso, os cardeais se dirigem à Capela Sistina, onde o processo de votação tem início. Ali, protegidos de qualquer comunicação com o mundo exterior, eles enfrentam uma rotina de votações diárias até que alguém atinja os dois terços dos votos necessários para ser proclamado papa.
As votações são realizadas com cédulas de papel, nas quais os cardeais escrevem o nome do escolhido sob a frase em latim “Eligo in Summum Pontificem” – “Eu elejo como pontífice supremo”. Os votos são secretos, colocados um a um em um cálice e contados publicamente entre os presentes.
A cada rodada de votação, as cédulas são queimadas com produtos químicos. Se não há decisão, a fumaça sobe preta. Caso nenhum candidato alcance o número exigido de votos, novas rodadas são realizadas: até quatro por dia, sendo duas pela manhã e duas à tarde. Se, após três dias, não houver definição, os cardeais fazem uma pausa para oração e reflexão, antes de retomar o processo.
Quando um novo papa é eleito, a tradicional fumaça branca indica ao mundo que a Igreja tem um novo líder. Um sinal de que o processo terminou e um novo capítulo se inicia para a igreja Católica.
Apesar da possibilidade de longas sessões, os últimos 11 conclaves não passaram de quatro dias de duração.
Quem pode ser eleito papa?
Em teoria, qualquer homem católico e solteiro pode ser escolhido como papa. Na prática, porém, desde o século XIV, todos os papas foram eleitos entre os cardeais. A maioria deles são bispos ou arcebispos, nomeados por pontífices anteriores e espalhados por dioceses e arquidioceses ao redor do mundo.
O conclave, portanto, é mais do que um processo eleitoral. É um momento em que a Igreja busca ouvir, por meio da oração e da deliberação, aquilo que considera ser a vontade divina.