Na última terça-feira (22), foi ao ar o episódio do Masterchef Brasil com a participação especial do renomado chef Alex Atala, mas essa aparição gerou polêmica. Atala foi acusado de fazer uma fala machista ao elogiar os jurados Erick Jacquin e Rodrigo Oliveira por seu trabalho na cozinha, e Helena Rizzo por sua beleza.
“Não dá para falar da beleza da cozinha sem falar de uma mulher linda, de uma mulher que, de uma maneira muito especial, eu me apaixonei, que se chama Helena Rizzo. Uma mulher linda que entrou na cozinha, todos olhavam para a cara dela e falavam que ela não ia dar certo porque ela era linda, uma modelo. E ela, no passinho pequeno, no seu jeitinho, roubou a cena. Sigo apaixonado, viu?!”, disse durante o programa.
Na atração, Helena agradeceu o comentário, mas na terça-feira (23) fez uma publicação em seu Instagram a respeito do machismo na cozinha, sem citar o nome de Atala.
“Cozinho profissionalmente desde os 18 anos. Saí de casa aos 17, quando ainda trabalhava como modelo. Não dá pra contar as inúmeras vezes em que enfrentei misoginia e machismo nesses ambientes de trabalho, as diversas vezes que me senti incomodada e que o “melhor” que podia fazer, era dar aquele sorrisinho constrangedor com o canto da boca e seguir em frente. Fomos condicionadas, na minha geração, a normalizar os assédios, a jogá-los pra baixo do tapete e seguir adiante. Sempre fiz isso, sem perder o foco de quem eu era, e do caminho que queria percorrer. Sem guardar mágoa…sem grandes cicatrizes, a não ser as marcas nos braços de cortes e queimaduras. É triste constatar que em 2023 continua tudo igual (se não pior), com a única diferença de que hoje, detectamos esse tipo de situação mais facilmente, e podemos nos expressar com maior acolhimento (nem sempre).
Respeitem nosso corre, intelecto, capacidade e multiplicidade!”
Atala, por sua vez, após a enxurrada de críticas, também fez um post, com o vídeo do ocorrido, e na legenda se desculpando diretamente com Helena.
“Não importa o que eu diga, não será suficiente para desfazer uma ferida que eu provoquei. E mesmo sem saber o que dizer e correndo o risco de ser mal-compreendido, preciso tentar. Devo isso à minha amiga @helenarizzo. E devo isso publicamente. Fui infeliz ao ressaltar apenas a beleza da Helena para falar da beleza da cozinha. A importância da Helena para a culinária brasileira é gigante e não está, nem de longe, ligada a sua beleza. Ela foi eleita a melhor Chef do Mundo por duas vezes, ganhou uma infinidade de prêmios nacionais e internacionais, é a única mulher brasileira a receber uma estrela do guia Michelin. É dona de uma técnica impossível de se reproduzir. Tem a sensibilidade para inovar e também para valorizar o simples. À frente do Maní, um dos melhores e mais inovadores restaurantes do mundo, encanta com suas criações. É admirada e querida por todos que gostam de cozinhar e de comer bem. Eu tentei mostrar que, para chegar onde chegou, ela precisou superar o preconceito em relação a uma mulher bonita na cozinha. E superou. Quis mostrar que a Helena não precisou “apenas” ser uma cozinheira genial, ela teve que vencer preconceito, machismo. Um machismo tão desgraçado que está tão impregnado que se manifestou em mim sem eu sequer perceber. Magoei uma amiga e muitas mulheres. Tenho que melhorar muito. Hoje eu só posso pedir desculpas.”