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Cápsulas de café viram sensores de febre amarela

O sensor foi desenvolvido para enfrentar a dificuldade de diagnóstico da febre amarela, cujos sintomas se assemelham a outras doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti

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August 30, 2023
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Uma colaboração entre pesquisadores brasileiros e britânicos resultou no desenvolvimento de um biossensor eletroquímico capaz de detectar a infecção pela febre amarela. O que torna essa inovação ainda mais notável é o fato de que o sensor é construído utilizando cápsulas de café recicladas, o que não apenas o torna mais sustentável, mas também mais acessível em termos de custos.

A iniciativa nasceu da necessidade de aprimorar o diagnóstico da febre amarela, que muitas vezes é difícil de ser diferenciada de outras doenças transmitidas pelo mesmo mosquito vetor, como a chikungunya, dengue e zika. O sensor foi desenvolvido por Cristiane Kalinke durante seu estágio de pós-doutoramento na Inglaterra, em colaboração com pesquisadores das universidades Federal de São Carlos e de São Paulo, além da Faculdade de Ciência e Engenharia da Universidade Metropolitana de Manchester, com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

O biossensor é fabricado por meio de uma impressora 3D e atende aos critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para testes diagnósticos em locais remotos ou com recursos limitados. O dispositivo utiliza eletrodos impressos em cápsulas de café recicladas, que contêm nanotubos de carbono e negro de fumo como aditivos para a condução da reação eletroquímica.

A detecção da febre amarela ocorre quando os fragmentos do DNA do vírus se ligam à sequência genética presente em uma pequena amostra de soro sanguíneo dos pacientes. A diferença nos sinais antes e depois dessa ligação permite o diagnóstico preciso da doença. Além disso, o biossensor também demonstrou a capacidade de diferenciar resultados entre amostras contendo o vírus da febre amarela e da dengue, o que proporciona um diagnóstico mais confiável.

A pesquisadora ressalta que essa tecnologia poderia ser facilmente transportada para regiões remotas ou comunidades onde a febre amarela é mais prevalente. Esse avanço é especialmente relevante para doenças comuns em climas tropicais e negligenciadas em termos de prevenção e tratamento. A combinação de inovação, sustentabilidade e acessibilidade torna essa pesquisa um passo importante na melhoria da saúde pública e no combate às doenças tropicais.

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