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Brasil tem primeira alta mensal de mortes por Covid desde fevereiro, mas com baixa letalidade, apontam secretarias de Saúde

Escrito por
Redação
July 01, 2022
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<p>O eBrasil registrou, <strong>em junho de 2022, 4.739 mortes pela Covid-19</strong>, em uma alta de 49,2% em relação a maio. É a primeira vez que o número de óbitos pela doença aumenta de um mês para outro desde fevereiro.</p>

<p>Os dados foram apurados pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias de Saúde do país.</p>

<p>Nesta reportagem, você vai ver que:</p>

<ul><li>o Brasil apresentou a primeira alta mensal de mortes desde fevereiro. Por causa da grande quantidade de casos, entretanto, o índice de letalidade caiu;</li><li>o frio, o aumento das aglomerações e a retirada das máscaras são apontados como motivos para o aumento de casos;</li><li>há bastante desigualdade regional na vacinação;</li><li>é importante tomar a dose de reforço para evitar complicações;</li><li>a Covid é uma doença que pode causar, além da morte, sintomas por um longo período (Covid longa), e, por isso, a proporção mortes/casos não é a única que deve ser analisada;</li><li>pelo mesmo motivo, o vírus continua sendo uma ameaça à saúde, e devemos continuar as medidas de proteção.</li></ul>

<h2>Queda no índice de letalidade</h2>

<p>Apesar do aumento de mortes em número absoluto, <strong>a letalidade da doença</strong> – número de mortes em relação ao número de casos conhecidos –<strong> caiu de um mês para o outro</strong>. Isso porque maio registrou pouco mais de 570 mil casos da doença, enquanto junho teve mais de 1,3 milhão de casos.</p>

<p>O professor Eliseu Alves Waldman, do Departamento Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), explica que <strong>o aumento absoluto nas mortes já era esperado, exatamente por causa do aumento expressivo do número de casos</strong>.</p>

<blockquote class="wp-block-quote"><p>"É esperado – porque aumentou muito o número de casos em junho em relação a maio, e, principalmente, em relação a abril", lembra. Naquele mês, foram registrados cerca de 500 mil casos de Covid no país.</p></blockquote>

<p>A letalidade da Covid para os últimos 6 meses também foi a menor para um semestre desde o início da pandemia.</p>

<p>Ao mesmo tempo em que os números oficiais apontam o aumento dos casos (<em>veja detalhes abaixo</em>) e uma queda na letalidade, os especialistas ouvidos pelo <strong>g1</strong> também ponderam que, hoje, é mais difícil fazer análises com esses dados, por causa dos <strong>autotestes</strong>.</p>

<blockquote class="wp-block-quote"><p>"Principalmente a partir desse ano, como houve um aumento da proporção da população que tem acesso ao diagnóstico rápido, esse diagnóstico é feito em farmácia, que nem sempre notifica, e muitos testes estão sendo feitos pelo próprio indivíduo, pelo próprio paciente, e ele não notifica", observa Eliseu Waldman, da USP.</p></blockquote>

<p>Para Beatriz Klimeck, antropóloga e doutoranda em Saúde Coletiva na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), <strong>os autotestes, apesar de terem sido uma contribuição positiva, trouxeram consigo uma subnotificação de casos ainda maior do que a que já era vista em outras fases da pandemia</strong>.</p>

<blockquote class="wp-block-quote"><p>"Ainda bem que a gente tem essa função [do autoteste]. Ele barateou o acesso ao diagnóstico e, posteriormente, ao isolamento, para quem quer fazê-lo, como deveria“, diz Klimeck.</p></blockquote>

<p>"Mas ele gera uma subnotificação gigantesca: não teve um esforço de fazer alguma forma de notificação obrigatória ou voluntária, mas que funcionasse, então a gente sabe que esse número [de casos] é muito defasado. A gente pode falar de um número muito maior de casos reais – pessoas que testaram positivo, [que o teste] deu reagente e que não foram notificadas para o sistema de saúde“, ressalta a pesquisadora.</p>

<h2>Aumento de casos</h2>

<p>Para Waldman, o aumento nos casos nos últimos meses deve-se, principalmente, à <strong>sazonalidade</strong> – a chegada do outono e do inverno traz o aumento da circulação de vírus respiratórios, como o Sars-CoV-2 – e, também, à retomada de eventos sociais com aglomerações e sem o uso da máscara.</p>

<blockquote class="wp-block-quote"><p>"Acho normal que deixasse de ser recomendado o uso de máscara na rua. Mas devia ser mantido, mesmo na rua, quando tem aglomeração, e em ambiente fechado. E manter os mesmos cuidados de distanciamento e de higiene de mãos. Acho que isso foi praticamente abandonado", pondera.</p></blockquote>

<p>"Festas juninas voltaram e as atividades sociais, festas, casamentos, voltaram sem cuidados aparentes. Isso contribui, além da sazonalidade, para intensificar um pouco mais a atual onda. Nós temos que nos convencer que vamos ter que continuar tendo cuidado por um bom tempo", avalia Waldman.</p>

<p>O epidemiologista também levanta a hipótese de que estejamos entrando numa fase endêmica da Covid-19: a previsão dele é de que se repita o que foi visto no ano passado – um aumento de casos até o final de julho, uma estabilização e, no fim de agosto, uma diminuição.</p>

<blockquote class="wp-block-quote"><p>"Se não tivermos nenhuma variante com grande capacidade de infecção e de causar formas mais graves, a gente deve voltar a ter outro pico no inverno do ano que vem. Isso é uma hipótese", afirma.</p></blockquote>

<p>Ele pontua, ainda, a existência de outros vírus respiratórios – como o da gripe aviária e o da varíola dos macacos – que estão circulando ao mesmo tempo que o Sars-CoV-2 e que podem se tornar ameaças no futuro.</p>

<p></p>

<p>Fonte: <a href="https://g1.globo.com/saude/coronavirus/noticia/2022/07/01/brasil-tem-primeira-alta-mensal-de-mortes-por-covid-desde-fevereiro-mas-com-baixa-letalidade-apontam-secretarias-de-saude.ghtml" target="_blank" rel="noreferrer noopener">g1</a></p>

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