<p>No dia 24 de junho de 2016, logo após o encerramento da votação do referendo para decidir se o Reino Unido iria sair da União Europeia (Brexit), Nick Farage, um dos expoentes do UKIP (Partido da Independência do Reino Unido), convocou uma coletiva de imprensa, e , baseado nas pesquisas de boca-de-urna realizadas durante a votação, reconheceu a derrota do Brexit.</p>
<p>Algumas horas depois, quando a apuração dos votos avançava, Farage recuou de suas declarações derrotistas e disse que “quem ousou sonhar agora contempla a aurora de um Reino Unido independente.”</p>
<p>Uma das características da humanidade é tentar prever o futuro, desde a época que os nossos ancestrais pré-históricos desenhavam animais nas cavernas como augúrios de boa caça, até os tempos atuais, onde tentamos decifrar quem irá vencer as eleições vindouras ou se irá chover no próximo final-de-semana.</p>
<p>Tanto a previsão do tempo quanto a pesquisa eleitoral estão solidamente fundamentadas em parâmetros e metodologias largamente testadas, e comprovadamente eficazes. Mas, ainda assim, sujeitas a erros, aliás, o correto seria dizer sujeitas a margens de erros, margens estas perfeitamente definidas na amostragem escolhidas para os dados e no método utilizado para encontrar o resultado.</p>
<p> Para a disputa majoritária para a presidência da República, após a abertura das urnas no último domingo, constatou-se uma grande divergência entre os resultados obtidos nas apurações, e as previsões expressas nas pesquisas eleitorais amplamente divulgadas pela mídia nacional durante o período eleitoral.</p>
<p>O que ninguém explica, antes das eleições, ou antes da próxima chuva, é que não se faz previsão, e sim tendências. O Michaelis on Line define a palavra previsão como ato ou efeito de prever, antevisão, presciência. Ora, o correto seria divulgar a tendência das pesquisas, a tendência de dias ensolarados.</p>
<p>Mas a palavra “tendência” não soa bem nas nossas imaginações sedentas de situações determinísticas, onde o futuro é ensolarado e os resultados eleitorais são previstos e perfeitamente contabilizados em cargos futuros e alianças programáticas.</p>
<p>Também não soaria bem para os oráculos de Delfos pós-modernos, os nossos analistas políticos e jornalista do tempo, falarem em tendência, a opinião deles perderia muito brilho nesta época de glamour necessário de redes midiáticas e imediatas.</p>
<p> O mais prudente seria seguir o conselho do astuto político mineiro Magalhães Pinto: Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Você olha de novo e ela já mudou.</p>
<p>Autor: Marcio Mazzini</p>