A Argentina fechou o ano de 2023 com uma inflação anual de 211,4%, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). Esse é o pior resultado em 30 anos, superando a marca de 1990, quando o país enfrentou um período de hiperinflação.
O mês de dezembro foi especialmente impactante, registrando uma inflação mensal de 25,5%, impulsionada pela liberação dos preços e pela forte desvalorização do peso. Analistas do setor financeiro, como Nicolás Alonzo, da Ferrerés & Associados, indicam que a pressão de preços deverá se manter acima de 20% neste mês.
Economistas e observadores do mercado ressaltam que a Argentina ultrapassou a Venezuela como o país com a maior inflação na região em 2023. A Venezuela registrou uma inflação de 193% no mesmo período, segundo o Observatório Venezuelano de Finanças.
A aceleração dos preços no final de 2023 foi atribuída, em parte, à retirada dos controles de preços, abrangendo desde alimentos até combustíveis e bens de consumo. O presidente Javier Milei, ao assumir o cargo, promoveu uma desvalorização de 54% na cotação oficial do peso, resultando em uma recomposição de preços em cascata na economia.
Embora alguns analistas acreditem que a inflação possa atingir seu "pico", permanecendo acima de 20% em janeiro, há preocupações crescentes sobre a necessidade de uma nova desvalorização cambial. O governo Milei adota um regime de ajuste gradual da cotação oficial do dólar, conhecido como "crawling peg".
Setores como bens e serviços diversos, saúde, transportes e alimentos foram os mais impactados, registrando altas significativas de preços em dezembro.
Esses dados surgem um dia após o Fundo Monetário Internacional (FMI) endossar o plano econômico do governo argentino, abrindo caminho para um desembolso de US$ 4,7 bilhões como parte do programa de crédito estabelecido em 2018.