O Amazonas ocupa a última posição no ranking de segurança viária entre todas as unidades federativas do Brasil, segundo levantamento divulgado nesta semana pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV). A pesquisa avaliou os 26 estados e o Distrito Federal com base no Índice IRIS (Indicadores Rodoviários Integrados de Segurança), que mede o desempenho de cada local em relação à segurança no trânsito.
O estudo leva em consideração sete pilares do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans), incluindo critérios como:
- qualidade das vias;
- fiscalização;
- educação para o trânsito;
- atendimento às vítimas;
- promoção da saúde e normatização.
O Amazonas teve desempenho insatisfatório em todos esses pontos, consolidando-se como o estado com o pior índice geral do país.
Em contraste, o Distrito Federal foi considerado o mais seguro para motoristas. A capital federal apresentou resultados significativamente superiores, especialmente em comparação aos estados da Região Norte, que concentram os piores desempenhos da pesquisa. Pará, Roraima e Amapá também figuram entre os últimos colocados do ranking.
O levantamento tem como objetivo subsidiar políticas públicas voltadas à redução de acidentes e à melhoria das condições de tráfego em todo o território nacional.
Ranking de segurança viária no Brasil:
- Distrito Federal – 4,00
- Rio Grande do Sul – 3,86
- Goiás – 3,71
- Paraná – 3,71
- Rio de Janeiro – 3,71
- São Paulo – 3,57
- Ceará – 3,29
- Mato Grosso do Sul – 3,29
- Rondônia – 3,29
- Espírito Santo – 3,14
- Mato Grosso – 3,14
- Pernambuco – 3,14
- Paraíba – 3,00
- Rio Grande do Norte – 3,00
- Santa Catarina – 3,00
- Sergipe – 3,00
- Tocantins – 3,00
- Minas Gerais – 2,86
- Bahia – 2,71
- Acre – 2,57
- Alagoas – 2,57
- Piauí – 2,57
- Amapá – 2,29
- Maranhão – 2,29
- Roraima – 2,29
- Pará – 2,14
- Amazonas – 1,86
Metodologia do IRIS
O projeto IRIS avaliou os estados e o DF com base em sete pilares do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans):
- Gestão da Segurança no Trânsito;
- Vias Seguras;
- Segurança Veicular;
- Educação para o Trânsito;
- Vigilância, Promoção da Saúde e Atendimento às Vítimas;
- Normatização e Fiscalização;
- Indicadores de Mortalidade.
Destaques por pilar
Veja como estado se saiu em cada aspecto avaliado pelo estudo.
Gestão da Segurança no Trânsito: avalia governança viária, integração ao Sistema Nacional de Trânsito (SNT), qualidade dos dados do RENAEST (Registro Nacional de Sinistros e Estatísticas de Trânsito) e transparência dos Detrans.
Melhores: DF (10), SP (8,1), MS (7,7), RJ (7,7), MT (7,4);
Piores: BA (1,7), TO (1,6), RN (1,6), RR (1,1), PI (0,6), PA (0,4), AP (0).
Vias Seguras: analisa pavimento, sinalização e extensão de rodovias em condições ruins.
Melhores: SP (10), DF (8,5), MS (8,1), AL (8,0);
Piores: MG (4,9), PA (4,4), MA (4,1), AP (3,9), AM (0,6), AC (0).
Segurança Veicular: considera itens como airbags, freios ABS e ISOFIX, além da renovação da frota.
Melhores: PA (10), MA (9,7), TO (8,8), RR (8,7), MT (8,7), AC (8,0);
Piores: SC (3,2), PR (1,2), DF (1,2), RS (0,4), SP (0,1), RJ (0).
Educação para o Trânsito: avalia comportamento dos condutores e efetividade da fiscalização.
Melhores: RS (10), TO (9,1), SC (9,1), ES (9,1), MG (8,5), SE (8,2);
Piores: PA (5,7), MT (5,6), PB (5,4), PI (3,3), RR (0,9), AM (0).
Vigilância, Promoção da Saúde e Atendimento às Vítimas: considera o número de profissionais de saúde, leitos per capita e estrutura hospitalar.
Melhores: RO (10), RS (9,0), GO (8,5), PI (8,1), PB (8,0), PE (7,8)
Piores: SP (4,0), AC (3,4), AP (2,7), PA (2,2), AM (1,1), SE (0)
Normatização e Fiscalização: avalia cobertura tecnológica, eficiência na aplicação da lei e registro de infrações.
Melhores: DF (10), GO (4,5), CE (3,4), RJ (3,4), TO (2,7), PB (2,5);
Piores: AL (0,8), MA (0,6), RR (0,5), RO (0,3), AM (0), AC (0).
Indicadores de Mortalidade: mede taxas de óbitos por veículos, habitantes e quilômetros rodados.
Melhores: SP (10), DF (10), RS (8,6), AP (8,5), RJ (8,5), AC (8,3);
Piores: PB (3,7), MT (3,7), MA (2,9), AL (2,4), TO (2,0), PI (0).
Desigualdades regionais
O painel revela contrastes claros: enquanto o DF, estados do Sul e parte do Centro-Oeste concentram os melhores indicadores, os estados do Norte dominam a faixa inferior do ranking.
Para os especialistas do ONSV, esse desequilíbrio expõe fragilidades históricas em infraestrutura, fiscalização e atendimento às vítimas nessas regiões.
“O objetivo é transformar os dados apresentados pelas unidades da Federação em informações mínimas para uma melhor gestão do trânsito nas respectivas áreas de atuação”, afirma o Observatório.
Em nota, o Departamento Estadual de Trânsito do Amazonas (Detran-AM) informou que os dados usados no estudo não refletem a realidade do Amazonas porque foram baseados em números de 2022, devido a uma falha no abastecimento da ferramenta Pnatrans. O órgão afirmou que já trabalha na atualização das informações.
Segundo o Detran, as fiscalizações resultaram em aumento de autuações: de 71.139 em 2023 para 95.069 em 2024. Em 2025, até setembro, já foram registradas 94.001 infrações, com expectativa de crescimento de quase 32% em relação ao ano anterior.