Saúde

Amazonas está entre os estados com maiores índices de gravidez precoce no Brasil

O estudo revela que, todos os dias, 57 meninas com idades entre 10 e 14 anos se tornam mães no Brasil, somando aproximadamente 20,8 mil partos por ano

Escrito por Redação
19 de agosto de 2025
Foto: Divulgação / Internet

O Amazonas está entre os estados com maior incidência de gravidez precoce, junto a outras unidades das regiões Norte e Nordeste, como o Maranhão. Levantamento do Ministério da Saúde (OMS), em parceria com o Instituto AzMina, aponta que 57 meninas entre 10 e 14 anos se tornam mães todos os dias no Brasil, totalizando cerca de 20,8 mil partos por ano.

O estudo, que integra o projeto ‘Meninas Mães, reforça a urgência de políticas públicas voltadas para enfrentar o problema. Apesar da redução em relação a décadas passadas, os índices permanecem alarmantes, evidenciando que a gravidez precoce é reflexo de vulnerabilidades sociais extremas, como pobreza, desigualdade racial, falta de acesso à saúde e violência sexual.

De acordo com a pesquisa, em termos absolutos, São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus, Fortaleza e Salvador foram as cidades com o maior número de nascimentos de filhos de meninas entre 10 e 14 anos na última década (2014 a 2023).

Confira o ranking em números: 

  • 1º lugar – São Paulo: 5.264
  • 2º lugar – Rio de Janeiro: 4.710
  • 3º lugar – Manaus: 3.602
  • 4º lugar – Fortaleza: 2.522 
  • 5º lugar – Salvador: 1.794 

A capital amazonense ocupa o terceiro lugar, com 3.602 nascidos de meninas entre 10 e 14 anos. O estudo aponta ainda que entre esses nascimentos não houve nenhum hospital que confirmasse fazer aborto legal no estado. As unidades mais próximas estariam em Roraima e no Pará. 

A revista AzMina também destaca as barreiras de acesso ao aborto legal no país. Por lei, meninas menores de 14 anos grávidas em decorrência de violência sexual têm direito à interrupção da gestação, mas, na prática, essa opção quase nunca é apresentada às vítimas.

Imagem: Reprodução/Instituto Azmina 

Além disso, dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), atualizados em 12 de maio de 2025, apontam que o Indicador 14, que mede a proporção de gravidez na adolescência entre jovens de 10 a 19 anos, é fundamental para avaliar a vulnerabilidade social de meninas e adolescentes. 

Segundo especialistas, o acompanhamento desse índice ajuda a compreender a dimensão do problema e a orientar a formulação de políticas públicas voltadas à proteção e cuidado dessa população. 

Vulnerabilidade social 

A violência sexual é um dos fatores mais críticos que contribuem para a maternidade infantil no Brasil. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, cerca de 60% dos casos de estupro envolvem vítimas menores de 14 anos, e muitas gestações nessa faixa etária são resultado direto dessas agressões.

Além disso, a prática de casamentos infantis, ainda presente em algumas regiões, agrava a situação ao normalizar a união de meninas com homens significativamente mais velhos. Esse contexto expõe as jovens a riscos físicos, emocionais e sociais, perpetuando ciclos de vulnerabilidade, exclusão e desigualdade.

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