Celebrado anualmente em 1º de agosto, o Dia Mundial da Amamentação marca o início do Agosto Dourado, mês dedicado à conscientização sobre a importância do aleitamento materno. A campanha, promovida por instituições de saúde em todo o país, busca reforçar os inúmeros benefícios da amamentação tanto para o bebê quanto para a mãe, além de dar visibilidade aos desafios enfrentados por muitas mulheres durante esse processo.
De acordo com a pediatra Eucilene Kassya Barros, professora do Instituto de Educação Médica (Idomed), o leite materno é considerado o alimento mais completo para os bebês. “Ele contém todos os nutrientes essenciais para o desenvolvimento infantil, além de fortalecer o sistema imunológico”, afirma a especialista.
Os dados apontam que bebês amamentados adoecem com menor frequência, apresentam menos quadros de resfriado e diarreia nos primeiros anos de vida e têm menor risco de desenvolver obesidade e diabetes ao longo da vida. Para as mães, os benefícios também são significativos: a amamentação contribui para a perda de peso no pós-parto, reduz os riscos de diabetes tipo 2 e de câncer de mama e ovário.
Além dos nutrientes, o leite materno contém imunoglobulina A, uma proteína que protege as mucosas do sistema respiratório e ajuda a prevenir infecções e reações alérgicas. A pediatra destaca ainda que a amamentação prolongada, especialmente após os seis meses, pode oferecer ainda mais proteção e vantagens para a saúde da criança.
Uma Jornada Real
Apesar dos reconhecidos benefícios, a experiência da amamentação pode ser marcada por dificuldades e superações. É o caso de Rosiane Batista, mãe de Derick, nascido em 2019 após uma gestação de risco e complicações no parto. O bebê precisou ser internado logo após o nascimento por causa de sofrimento fetal e foi diagnosticado com laringomalácia, uma anomalia na laringe que dificultava a respiração e a sucção.
“Eu sonhei com a amamentação como tantas mães: o colo, o aconchego, o olhar. Mas a minha jornada foi diferente”, relata Rosiane ao Diário da Capital. Impedida de amamentar diretamente no seio, ela encontrou no banco de leite uma alternativa para alimentar o filho por meio de sonda. Em meio à dor, ao cansaço e à pressão emocional, Rosiane enfrentou dias difíceis em que sequer conseguia extrair leite.
“Eu chorava sozinha no lactário, tentando tirar leite que não saía por nada. No fundo, me sentia a pior pessoa do mundo”, lembra. Até que, em um gesto simbólico de fé e afeto, decidiu oferecer o seio ao filho, contrariando todas as previsões médicas. “Coloquei meu peito pra fora e fiz o que sempre quis: amamentar. E, para minha surpresa, ele conseguiu fazer a sucção que diziam ser impossível”.
Mesmo diante dos obstáculos, Derick foi alimentado com leite materno durante um ano de internação hospitalar, antes de falecer precocemente.
Conscientização e apoio
Especialistas e organizações de saúde reforçam que, embora natural, a amamentação nem sempre é fácil. Por isso, o Agosto Dourado também busca ampliar o acesso à informação e ao suporte emocional, social e profissional para as mães. O fortalecimento de políticas públicas, o incentivo à doação de leite materno e o apoio à amamentação em espaços públicos e ambientes de trabalho fazem parte desse esforço coletivo.