A violência no futebol é algo que não devíamos mais ter que citar ou falar, mas não tem como. Por vezes dividi com vocês inúmeros problemas relacionados a confusão em estádios, seja entre os atletas, dirigentes ou torcidas. Nunca será uma pauta que quero ter que lidar, até porque é muito desgastante, mas o fim de semana teve disso.
Após o jogo do Manaus, o empate monstruoso que o time deixou acontecer mesmo estando com um placar de 2 a 0, o clima que já não era dos melhores piorou. Eu digo isso porque tenho acompanhado há vários jogos, o tom hostil e de ameaça. Eu, na arquibancada, já ouvi “torcedor” dizer que ia pra porrada com jogador. Olha o nível! Na verdade, queria entender no que eles acham que vai resolver.
Mas enfim, voltando ao assunto central da coluna, na rua do entorno da Arena da Amazônia uma confusão generalizada se armou. Eu não estava, óbvio e mesmo que tivesse e relatasse ainda iam dizer que eu não tinha visto certo. Mas, vamos lá. Chegando em casa recebo os vídeos e várias testemunhas informando do fato. Pra quem não acompanhou, o jogador amazonense Felipe Tiririca registrou um boletim de ocorrência contra alguns membros da torcida organizada do Manaus, que até agora não sei exatamente qual era porque nessas horas, até quem nada tem com isso, acaba sendo afetado. Entrei em contato com Felipe para saber do ocorrido, e ele confirmou, mandou vídeo da filha de 4 anos assustadíssima e o boletim de ocorrência. Falei com quem o tirou da confusão e com quem deu carona pra que ele pudesse sair de lá. Apurei as partes interessadas envolvidas.
Se tem algo que fico indignada no futebol, muito mais que aposta é briga. Não há justificativa para nada que possa gerar violência. Óbvio que fui atacada de estar inventando ou distorcendo. Mas eu sigo do lado do atleta e a hostilidade no futebol, comigo não tem espaço. E essa hostilidade que faço são os personagens envolvidos em brigas e confusão. Porque normalmente são os mesmos. Aqueles que normalizam os atos e que justificam. É inacreditável!!!
Eu recebi alguns directs, e lógico que de homens apenas, com vários tipos de tons. Teve um que disse assim, após exigir respeito e dizer que eu era arrogante. “Qualquer dúvida, estarei nos estádios para as mesmas”. Acho tão bonitinho essa incapacidade do homem. Por que é aquele tipo de ameaça velada sabe? Do tipo “ela que interpretou errado”, “ela que é louca” ou ainda “ela quer se fazer de vítima”. Tem dos montes de homem assim. Aí teve o que disse assim “tão irrelevante quanto sua notícia”, aí quando perguntei se ele queria ficar famoso, ele foi chorar pros amigos valentões dele de organizada que quando emitiram nota disseram que eu ameacei o pobre coitado.
Essa hostilidade no futebol não funciona comigo. Eu não tenho medo e muito menos saúde pra ficar lidando. Sejam homens de verdade na postura e na essência e se não querem serem acusados ou expostos, repensem seus gestos. Eu fiquei com tanto ódio da situação, principalmente por envolve uma criança de 4 anos.
As justificativas foram “não era com ele o problema”, etc. A esposa confirmou tudo o que eu já sabia e tinha de relato de testemunha. Essa hostilidade no futebol não pode ser normalizada. Podem cobrar que é de direito, mas me perdoem, não é assim que a banda pode tocar. Tem os incapazes que dizem que “toda torcida organizada é assim”, ou seja… ser violento é motivo de exemplo a ser seguido.
O Manaus emitiu uma nota padrão de medidas cabíveis que duvido muito que de fato surta efeito. Somente eles têm o poder institucional de apontar o dedo e oficializar o nome da torcida organizada envolvida. “Ah, mas foi só uma mulher”. Não, a torcida toda sabe e nada fez para ajudar a identificar e tentar separar um ato isolado do resto, então todos são envolvidos igual.
Aqui, reforço meu pedido de desculpas aos outros torcedores que se sentiram ofendidos com minha fala direcionada a essas pessoas violentas. Eu não generalizei e nem podia. Essa luta tem que ser nossa, o estádio e o pós dele precisa ser seguro pra quem vai trabalhar e também pra quem vai torcer.
