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A história do Festival Amazonas de Ópera

Ao longo de 25 edições, o FAO consolidou-se como o mais constante e duradouro evento de seu gênero no Brasil

Escrito por
Redação
May 18, 2023
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Música, Teatro e Cultura – três pilares que permeiam o Festival Amazonas de Ópera (FAO). O Festival foi criado em 1997 e, até 2001, era ainda o único do gênero na América Latina.

O diretor artístico, Luiz Fernando Malheiro, atribui a história de sucesso do festival à longevidade do evento.

“Tudo o que em arte alcança um nível alto precisa de uma solução de continuidade. E nós tivemos essa sorte de estarmos em atividade por 24 anos. O festival começou como algo exótico – de se fazer ópera na Amazônia – mas aos poucos alcançou reconhecimento nacional e internacional”, conta Malheiro.

Ao longo de 25 edições, o FAO consolidou-se como o mais constante e duradouro evento de seu gênero no Brasil, por isso é tão importante para a história cultural do nosso estado.

Sua história

O Festival Amazonas de Ópera é um festival de ópera brasileiro realizado no Teatro Amazonas, na cidade de Manaus, criado em 1997, realizado anualmente entre abril e maio, desde sua fundação.

Atualmente está sob direção artística do regente brasileiro Luiz Fernando Malheiro, que também é regente titular da Amazonas Filarmônica.

Com realização da Secretaria de Cultura do Estado do Amazonas, também se destaca por ter apresentado óperas inéditas no Brasil, como Lulu, de Alban Berg, e Magdalena, de Heitor Villa-Lobos. Além de títulos tradicionais como Madame Butterfly, de Giacomo Puccini, entre outros.

O FAO estabeleceu uma verdadeira indústria da ópera em Manaus, gerando cerca de 700 postos de trabalho a cada ano, número que representa mais do que 8 setores da Zona Franca de Manaus.

Além disso, segundo o site oficial do FAO, ele também movimenta o setor de serviços e turismo. Foram abertas na cidade 6 lojas de instrumentos musicais, 10 lojas de equipamentos de som e imagem, 7 empresas de iluminação e 4 empresas especializadas em estruturas de palco. Cerca de 10 novos estabelecimentos comerciais foram inaugurados no entorno do Teatro Amazonas: restaurantes, lanchonetes, cafés e bares, além de 7 novos hotéis, sendo 2 de padrão 5 estrelas.

Alinhado aos novos tempos e necessidades, em 2021, quando o mundo se deparou com a pandemia da Covid-19, a 23ª edição do FAO foi completamente pensada para o formato online e transmitida pelo YouTube e pela TV Encontro das Águas, possibilitando o acesso à programação durante o período de isolamento social e ajudando a manter ativos os profissionais da área cultural em um momento tão delicado.

Público

O festival também conta com a plateia de ópera mais jovem do Brasil, característica importante, pois evidencia o interesse das novas gerações pelo gênero da ópera e coloca o Amazonas como um Estado de destaque na cena lírica do país.

Ele se comunica com diversas camadas da população, independentemente de formação ou de condições socioeconômicas, tendo como visão que a Cultura deve ser acessível a todos, sem distinção.

Personagens cara a cara com o FAO

Conversamos com uma artista que é integrante do elenco do FAO desde 2019, a musicista Samanta Costa – cantora do Coral do Amazonas, graduada em Música e especialista em Ensino de Artes pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que destacou a relevância do Festival.

O Festival Amazonas de Ópera é uma oportunidade maravilhosa de vivenciar e fazer música erudita, e também de manter a cultura da ópera viva em nossa cidade. Samanta Costa

A musicista conta que, para ela, é um grande privilégio poder participar de um evento como esse, “além do trabalho em si, é importante reconhecer os aprendizados técnicos e históricos do fazer musical”, disse Samanta.

Segundo ela, é também um ótimo caminho para os artistas que desejam adentrar nesse universo de ópera, não apenas para os artistas músicos, mas para os atores, dançarinos, artistas visuais, entre outras funções que envolvem esse trabalho.

De acordo com Francisco Gabriel Dantas, acadêmico de Música pela UEA-ESAT e estagiário do Arquivo da Orquestra Amazonas Filarmônica, o Festival de Ópera é de grande valia para a região norte e que de muitas formas traz benefícios para a sociedade. Para ele, além de projetar o nome do estado para fora, gera renda e muitas oportunidades.

Inclusive, se faz importante para formação artística também, “já vi colegas de outros cursos, como Turismo, Teatro e Dança, engajados no FAO. Isso de alguma forma me chama atenção, pois o festival puxa esses alunos e os coloca nas suas áreas de atuação e proporciona experiência”, disse ele.

Como estagiário, venho aprendendo muito sobre esse universo. E vejo hoje que o trabalho não vem somente no período festivo. Mas são meses de preparação para entregar um trabalho de excelência. Cada detalhe, dinâmica e expressões/articulações são extraídas durante os ensaios.Francisco Gabriel

Gabriel também nos relatou que, como acadêmico de música, ele vê a seriedade que permeia esse festival, “o FAO nos presenteou muitas vezes com Óperas Inéditas. Além de um repertório de alto nível musical, com muito empenho, sob a regência de Luiz Fernando Malheiro”, completou.

Premiações

No 24º Festival Amazonas de Ópera, a montagem manauara “Peter Grimes”, de Benjamin Britten, apresentada, em abril de 2022, pela primeira vez, foi contemplada na 11ª edição do Prêmio Concerto de Música Clássica e Ópera, conferido anualmente aos destaques da temporada em todo país.

O Prêmio Concerto 2022 concedeu prêmios às categorias: Grande Prêmio, Prêmio Lauro Machado Coelho de Ópera, Música Orquestral, Música de Câmara/Recital/Coral, Jovem Talento e CD/DVD/Livro e Prêmio Concerto Inovação.

Para escolher os vencedores de cada categoria, participaram da bancada de jurados, alguns dos principais críticos musicais do Brasil, além da votação popular.

Apresentações – 2023

Além das óperas, o Festival também oferece outras apresentações.

A jornalista da nossa equipe prestigiou o recital “Canções II”, no Teatro Gebes Medeiros, localizado na avenida Eduardo Ribeiro – Centro, na última sexta-feira, 12. 

Em que os solistas amazonenses de canto lírico tiveram a oportunidade de cantar duas canções de artistas de relevância nacional e internacional na música clássica. Segundo ela, as apresentações foram emocionantes e enriquecedoras, com vozes de artistas regionais que abrilhantam nosso estado.

Confira o cronograma das programações:

ÓPERAS

No Teatro Amazonas

‘O contractador dos diamantes’, de Francisco Mignone (1897 – 1986)

21 de abril, às 20h / 07 de maio, às 19h / 18 de maio, às 20h

Corpo de Dança do Amazonas

Coral do Amazonas

Amazonas Filarmônica

Direção Musical e Regência: Luiz Fernando Malheiro (21/4 e 18/5)

Regência: Otávio Simões (07/05)

‘Anna Bolena’, de Gaetano Donizetti (1797 – 1848)

30 de abril, às 19h / 05 e 20 de maio, 20h

Coral do Amazonas

Amazonas Filarmônica

Direção Musical e Regência: Marcelo de Jesus

‘Peter Grimes’, de Benjamin Britten (1913 – 1976)

19 e 25 de maio, às 20h / 28 de maio, às 19h

Coral do Amazonas

Amazonas Filarmônica

Direção Musical e Regência: Luiz Fernando Malheiro

‘Piedade’, de João Guilherme Ripper (1959)

21 de maio, às 19h / 24 e 27 de maio, às 20h

Amazonas Filarmônica

Direção Musical e Regência: Luiz Fernando Malheiro (21 e 27/05)

Regência: Otávio Simões (24/05)

RECITAIS

‘Maria Callas’ – 22 de abril, às 20h

Local: Teatro Amazonas

‘Canções I’ – 29 de abril, às 20h

Local: Teatro Gebes Medeiros

‘Canções II’ – 12 de maio, às 20h

Local: Teatro Gebes Medeiros

‘México’ – 16 de maio, às 20h

Local: Teatro Gebes Medeiros

CONCERTO

Com a Orquestra de Câmara do Amazonas

‘A Morte’

4 de maio, às 20h

Local: Teatro Amazonas

Direção musical e regência: Marcelo de Jesus

MUSICAL INFANTIL

Musical infantil ‘Curumim, o último herói da Amazônia em busca da flor da vida’

13 de maio, às 19h / 14 de maio e 28 de maio, às 16h

Local: Teatro da Instalação

ÓPERA COM MARIONETES

O Pequeno Teatro do Mundo

‘O Navio Fantasma’, de Richard Wagner

21 de maio, 11h

Local: Hall do Teatro Amazonas, interior do Amazonas e escolas

Diante das informações anteriormente apresentadas, podemos entender a importância desse festival para a cultura do nosso estado, que enriquece o cenário artístico, cultural e turístico no coração do Amazonas.

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