Na última segunda-feira (13/10), cinquenta casais indígenas de diversas etnias oficializaram a união em uma cerimônia de casamento coletivo realizada na comunidade de Iauaretê, localizada no município de São Gabriel da Cachoeira, na região do Alto Rio Negro, ao noroeste do Amazonas.
O evento foi conduzido pelo juiz Manoel Átila Araripe e contou com a presença de autoridades do sistema judiciário, como o ministro Mauro Campbell Marques, corregedor nacional de Justiça; o presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas, desembargador Jomar Fernandes; e o corregedor-geral de Justiça do Estado, desembargador Hamilton Saraiva.
Com apoio logístico e documental do Cartório Extrajudicial de São Gabriel da Cachoeira, a iniciativa teve ainda a colaboração da Prefeitura Municipal, da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) e do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI).

O juiz Manoel Átila destacou o significado simbólico e jurídico da ação para as comunidades locais.
“O casamento coletivo em Iauaretê representa um ato de celebração da vida comunitária e da união entre povos diversos que compõem este território sagrado do Alto Rio Negro. Mais do que um evento jurídico, trata-se de um momento de fortalecimento da valorização das tradições locais e do reconhecimento mútuo entre o Estado e os povos indígenas, segundo os princípios de respeito, reciprocidade e coletividade que regem o convívio social tukano, tariano, baniwa, desana, hupda e demais etnias da região de Iauaretê”, afirmou.
Segundo o magistrado, a ação busca integrar o direito estatal ao direito costumeiro indígena, promovendo um encontro entre as formas tradicionais de união e o registro civil. “A cerimônia garante segurança jurídica às famílias e amplia o acesso aos direitos sociais e previdenciários”, concluiu.