Meio Ambiente

SGB realiza maior expedição científica fluvial do país para estudar ciclo da água na Amazônia

A bordo do navio da Marinha do Brasil, pesquisadores percorrem parte dos rios Negro, Solimões, Purus, Madeira e Amazonas para coletar amostras de água

Escrito por Redação
26 de setembro de 2025
Fotos: Divulgação/SGB

Até este sábado (27/9), o Serviço Geológico do Brasil (SGB) realiza uma missão pioneira de navegação para estudar o ciclo da água na Amazônia. A bordo do navio oceanográfico Rio Branco, da Marinha do Brasil, pesquisadores percorrem parte dos rios Negro, Solimões, Purus, Madeira e Amazonas para coletar amostras de água no âmbito do Programa de Aplicações Isotópicas do SGB.

A missão teve início em 5 de setembro e percorreu mais de dois mil quilômetros. Trata-se da maior campanha isotópica, em extensão de rio, já realizada no país e possivelmente uma das maiores do mundo. O objetivo é aprofundar o conhecimento sobre o ciclo hidrológico da Amazônia, região considerada vital para o clima global, gerando informações sobre a origem e a dinâmica de circulação da água no bioma amazônico.

As coletas são realizadas em três profundidades, 2, 5 e 10 metros, a cada 20 quilômetros no curso dos rios e em desembocaduras de igarapés. As amostras são coletadas diretamente do navio e, em áreas específicas como o Parque Nacional de Anavilhanas e igarapés de maior porte, com apoio de lanchas. As análises incluem parâmetros hidroquímicos e isotópicos (traçadores de oxigênio, hidrogênio e estrôncio). 

Nas amostras coletadas a 10 metros de profundidade, são feitas ainda análises de radônio com equipamento portátil (RAD8) a bordo.

“Com base em tentativa e erro, desenvolvemos toda uma estratégia de coleta em diferentes profundidades. A enorme correnteza dos rios e o padrão de navegação da Marinha foram desafios superados graças à integração das equipes do SGB e da Marinha, permitindo coletas rápidas, seguras e bem-sucedidas”, explicou o técnico do SGB Sérgio Estevam.

Foto: Divulgação/SGB

Finalidade

As informações obtidas possibilitarão:

  • traçar as rotas de geração de umidade e chuva;
  • estimar contribuições de escoamento de base e parcelas de água de degelo;
  • além de fornecer subsídios para entender o ciclo hidrológico como um todo e sustentar futuras pesquisas nacionais e internacionais. 

A hidrologia isotópica tem aplicações diretas na gestão de recursos hídricos e na compreensão de mudanças climáticas, ecologia, fauna selvagem e rastreabilidade de fontes de alimentos.

O pesquisador do SGB Roberto Kirchheim ressalta o valor estratégico da atuação da instituição na região: “A vida das pessoas depende da dinâmica dos rios, sua navegabilidade e manutenção das funções ecossistêmicas. É necessário avançar com projetos estruturantes, equipamentos modernos e maior articulação com parceiros para garantir a sustentabilidade da Amazônia. A COP 30 certamente irá amplificar os desafios da região e o SGB precisa ter respostas institucionais à altura”, frisou.

A equipe do SGB a bordo inclui Roberto Kirchheim, Roberto Paiva e Sérgio Estevam, com apoio de outros pesquisadores do SGB e de instituições como a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Faculdade do Espírito Santo (UNES), Universidade de São Paulo (USP), Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Universidade da Córsega e Universidade do Texas (EUA).

O pesquisador Roberto Paiva reforçou a importância do trabalho colaborativo para viabilizar o trabalho: “Trata-se de uma missão pioneira, envolvendo múltiplas instituições e setores, materializando uma força-tarefa em prol de objetivos com benefícios a todos”.

O sucesso da missão também se deve à parceria com a Marinha do Brasil, que disponibilizou o navio e toda infraestrutura e tripulação para o sucesso da jornada.

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