STF julga Bolsonaro, mas quem julga os que deixaram Manaus sem oxigênio?

No dia 02/09, o governador do Amazonas utilizou suas redes sociais para declarar apoio ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro.

“O STF concluiu hoje uma etapa do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nos próximos dias, decisões importantes definirão o rumo do nosso país. É hora de buscar pacificação nacional, segurança jurídica e respeito à verdade. Condenar Bolsonaro por um golpe inexistente seria um erro grave. Minha solidariedade ao presidente e sua família. Que a justiça prevaleça!”, escreveu o governador Wilson Lima.

Entendemos o posicionamento do governador. Afinal, atrair o eleitorado bolsonarista tem sido a meta de muitos políticos nos últimos tempos. Escolher um lado é uma estratégia — e política é, muitas vezes, jogo de interesses. No entanto, é impossível esquecer que este mesmo Bolsonaro e este mesmo governador estavam à frente do país e do Estado do Amazonas quando a tragédia da falta de oxigênio atingiu Manaus. Um momento que escancarou a negligência, a falta de preparo e, acima de tudo, a indiferença com vidas humanas.

O episódio manchou para sempre a história da nossa capital. Manaus, antes lembrada como a “Ponte do Bilhão”, agora carrega o fardo de ter sido o “pulmão do mundo que ficou sem ar”.

É importante que a memória coletiva não seja seletiva. Apoios políticos podem mudar, mas os fatos permanecem — e as vítimas da omissão merecem respeito e justiça.