Nesta quinta-feira (14/8), a Academia Brasileira de Letras (ABL) elegeu Milton Hatoum para a Cadeira nº 6 do Quadro dos Membros Efetivos, vaga aberta com o falecimento do acadêmico e jornalista Cícero Sandroni. Esta foi a primeira candidatura de Hatoum à ABL.
A eleição para a Academia Brasileira de Letras contou com outros concorrentes, como Eduardo Baccarin-Costa, Cezar Augusto da Silva, Antônio Campos, Paulo Renato Ceratti e Angelos D’Arachosia. Milton Hatoum recebeu 33 votos, enquanto Antônio Campos obteve apenas um.

Nascido em Manaus, Amazonas, Milton é escritor, romancista, professor universitário, tradutor e autor de obras fundamentais da literatura brasileira contemporânea. Entre elas estão ‘Dois irmãos’, ‘Cinzas do Norte’ e ‘Relato de um certo Oriente’, todos vencedores do Prêmio Jabuti — o mais tradicional prêmio literário do Brasil.
As obras de Hatoum também foram adaptadas para cinema e televisão. Em 2017, seu romance ‘Dois Irmãos’ virou minissérie na TV Globo, com Cauã Reymond interpretando os irmãos gêmeos e direção de Luiz Fernando Carvalho.

O escritor amazonense também destacou-se por sua trilogia informal ambientada em Manaus, consolidando sua carreira e conquistando ampla repercussão crítica. Além da eleição à ABL, o autor celebra a marca de 500 mil exemplares vendidos no Brasil, com obras publicadas em 17 países.
Atualmente, Hatoum se prepara para o lançamento de “Dança de Enganos”, último volume da trilogia “O lugar mais sombrio”, que retrata dramas familiares entrelaçados à história da ditadura militar. O livro já está em pré-venda e chega às livrarias em outubro de 2025.

Trajetória de Milton Hatoum
Nascido em Manaus, em 19 de agosto de 1952, Hatoum viveu e estudou em várias cidades e países, incluindo Brasília, São Paulo, Madri e Paris, onde cursou mestrado em literatura latino-americana. Lecionou língua e literatura francesa na Universidade Federal do Amazonas (1984-1998) e ocupou cargos acadêmicos como professor visitante em instituições internacionais, como a Universidade da Califórnia (Berkeley) e a Sorbonne.
Além de seus romances, Hatoum traduziu obras de Marcel Schwob, Edward Said e Gustave Flaubert, publicou ensaios e contos em revistas e antologias nacionais e internacionais, e participou de conferências e seminários em universidades da Europa, Estados Unidos e América Latina.
Ao longo da carreira, recebeu reconhecimentos como a Ordem do Mérito Cultural (2010), o título de Officier de l’Ordre des Arts et des Lettres (2017, França), o Prêmio Juca Pato (2018) e o Prix Roger Caillois pour la Littérature Latino-Américaine (2018).
Com sua eleição à ABL, Milton Hatoum consolida-se como uma das vozes mais importantes da literatura brasileira contemporânea, representando não apenas a cultura amazônica, mas também o diálogo da literatura nacional com o cenário internacional.