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Você sabe o que faz um papa? Conheça as principais atribuições do líder da Igreja Católica

Após a morte do Papa Francisco, o Vaticano organizará um conclave para eleger o novo líder da Igreja Católica.

Escrito por Redação
27 de abril de 2025
Tiziana Fabi/AFP

Na manhã deste sábado (26), aconteceu o sepultamento do papa Francisco, na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma. Durante três dias o velório foi aberto para visitação, na Praça de São Pedro, período em que fiéis e chefes de estado de todo o mundo prestaram suas últimas homenagens ao líder religioso. Francisco teve um papado marcado pelo acolhimento dos mais vulneráveis e diversos ensinamentos.

O pontíficie escolheu em testamento ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maior, pois queria ficar próximo à sua imagem favorita da Virgem Maria.

Sepultamento do Papa Francisco aconteceu neste sábado (26). — Foto: REUTERS/Yara Nardi

Com a conclusão do funeral, o conclave para a escolha do novo papa está previsto para acontecer entre os dias 6 e 11 de maio. Durante esse período, os cardeais irão deliberar sobre a nomeação do novo líder da Igreja Católica, que assumirá as principais prerrogativas do papado.

Veja abaixo as principais atribuições de um papa:

Liderar a Igreja

A palavra “papa” vem do grego “pappas“, que significa “pai, patriarca”, e é por isso que a justiça o chama de “Santo Padre”.

Considerado o sucessor de São Pedro, a quem Cristo confiou a liderança da Igreja, o papa é o guia espiritual de mais de 1,4 milhão de católicos no mundo todo.

Seu papel é preservar e ensinar a fé cristã, interpretar o Evangelho e garantir a unidade da Igreja. 

Chefe de Estado

O papa tem estatuto de chefe de Estado e governa a Cidade do Vaticano, um Estado independente localizado em Roma e que também é o menor país do mundo, com 44 hectares. Como chefe de Estado, exerce poderes absolutos (Executivo, Legislativo, Judiciário). Além disso, também recebe chefes de Estado e de governo no Vaticano. Nessas reuniões a portas fechadas, conhecidas como “audiências privadas”, são discutidas questões atuais. 

Doutrina e ensino

O papa elabora documentos (encíclicas, exortações apostólicas, motu proprio, etc.) sobre questões doutrinárias e morais para orientar os fiéis, direcioná-los ou informar sobre reformas.

Em seus doze anos como pontífice, o papa Francisco saiu em defesa da população LGBTQIA+ e das mulheres, posicionou-se frontalmente contra o racismo e a xenofobia e fez apelos pela preservação da Amazônia e pelo fim de guerras no  mundo. 

Nomeações

O papa aprova a nomeação de bispos, que ficam à frente de dioceses de todo o mundo — atualmente, são cerca de 3.000 — e também nomeia cardeais. Destes, os menores de 80 anos são chamados a eleger seu sucessor.

Ele também tem a palavra final na elevação de figuras de destaque da Igreja Católica à categoria de “beatos” ou “santos”, após um processo baseado em milagres e virtudes.

Também tem o poder de convocar sínodos (reunião mundial entre laicos e religiosos) para discutir questões específicas, na intenção de caminhar juntos num mesmo propósito.

Viajar

O papa viaja para se conectar com a fidelidade de todo o mundo. Respondendo a convites de chefes de Estado, faz visitas oficiais, chamadas “apostólicas”.

João Paulo II, com 104 viagens ao exterior durante seus 26 anos de pontificado, foi o papa que mais viajou, seguido por Francisco, com 47 viagens.

Em julho de 2013, a primeira viagem apostólica de Francisco foi ao Brasil. Ele veio ao país por ocasião da 28ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o primeiro evento do tipo em um país de língua portuguesa e o segundo na América do Sul. O evento foi realizado no Rio de Janeiro.

Esses deslocamentos deram a oportunidade de renovar seus apelos pela paz, pelo diálogo inter-religioso, pelo respeito aos direitos humanos e pela justiça social; declarações que servem como uma posição moral e são amplamente divulgadas pelo mundo.

Bispo de Roma

Como bispo de Roma, o papa deve administrar sua diocese. Entretanto, devido a outras obrigações, essa tarefa geralmente cabe a um vigário geral.

No entanto, o papa participa da vida da Igreja local, visitando paróquias na capital italiana para celebrações ou outros locais simbólicos na cidade a cada ano, como a Via Sacra no Coliseu na Sexta-feira Santa ou a Solenidade da Imaculada Conceição perto da Praça da Espanha em 8 de dezembro. 

O Conclave 

Após a morte de um papa, os cardeais se reúnem em conclave para eleger seu sucessor, uma escolha crucial para determinar a direção futura da Igreja. Quando chega o momento, todos os cardeais com menos de 80 anos viajam a Roma para participar da eleição, que exige presença física para o voto.

O conclave não deve começar antes de 15 dias, nem depois de 20 dias, após a morte do papa — isso significa que no caso do falecimento de Francisco, a expectativa é que ele ocorra entre os dias 6 e 11 de maio. 

Esse processo de eleição, que começa logo após a morte ou renúncia de um papa, é envolto em segredo. O ritual remonta ao século XIII, quando as eleições papais podiam se arrastar por anos, e alguns cardeais chegaram a morrer durante o processo.

Para evitar pressões externas e garantir que os cardeais possam escolher livremente o melhor candidato, o conclave ocorre sob rigorosa confidencialidade. Os participantes ficam isolados do mundo exterior, proibidos de manter contato com qualquer pessoa fora do processo, o que pode durar vários dias. Além disso, não podem ler notícias ou receber mensagens durante esse período.

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