O cancelamento da Prefeitura de Manaus no Casamento Coletivo LGBTQIAPN+ causou polêmica nas últimas 24 horas. Diante dos acontecimentos, neste último domingo, 6, a Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Amazonas (OAB-AM), por meio da Caixa de Assistência dos Advogados do Amazonas (CAAAM) informou, em nota, que o evento ocorrerá em uma nova data e local. A solenidade estava prevista para o dia 30 deste mês no auditório da OAB-AM.
“A parceria com a Prefeitura de Manaus não deu certo, mas a Caixa de Assistência dos Advogados do Amazonas - CAAAM informa que haverá casamento coletivo LGBTQIAPN+”. O presidente da CAAAM, Dr. Alberto Simonetti Neto confirmou a celebração. “Em 2014, enquanto presidente da OAB-AM, eu realizei o 1º casamento lgbt da Região Norte. E agora não seria diferente, a Comissão LGBTQIAPN+ da CAAAM já está atuando para realizar mais um casamento coletivo. Vamos juntos oficializar uniões e celebrar o amor”, enfatizou.
Entenda o caso
Apesar da Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc) não apresentar justificativas sobre o cancelamento, internautas apontaram que a postura do Chefe do Executivo, David Almeida (Avante) foi “preconceituosa”, além de ter fortes relações com a base evangélica, sendo este o principal motivo do rompimento. Vale ressaltar que no último dia 2 de agosto, a Semasc havia divulgado 50 vagas para os casais participarem da cerimônia.
A decisão da Prefeitura em não participar do evento, teve ainda reflexo durante a Sessão Plenária da Câmara Municipal de Manaus (CMM) nesta segunda-feira, 7. Após a repercussão negativa, o vereador Rodrigo Guedes (Podemos) apresentou o Requerimento nº 10778/2023, para cobrar do prefeito explicações sobre a ausência da prefeitura no evento. O documento, por outro lado, foi rejeitado pela maioria dos parlamentares, tendo o voto favorável apenas de três vereadores: Capitão Carpê (Republicanos), William Alemão (Cidadania) e Marcelo Serafim (PSB).
“A própria Prefeitura de Manaus enviou releases para a imprensa falando sobre a participação do Município como também a organização do evento. Posteriormente, a prefeitura apagou esses releases, ou seja, fingiu que não enviou para ninguém, não deu informações e cancelou a participação neste evento (...). Quero que a prefeitura informe o motivo pelo cancelamento da sua participação neste evento cível. Ninguém está pedindo que goste, mas o respeito pela pluralidade”, declarou Guedes em seu discurso.
Quem seguiu na mesma linha, e criticou a decisão da Prefeitura, foi o vereador Capitão Carpê Andrade (Republicanos). Em seu pronunciamento o parlamentar afirmou que as decisões do prefeito David Almeida não são coerentes com os discursos sobre diversidade. “A incoerência da prefeitura tem sido recorrente. Acredito que é importante entendermos essa decisão”.
Já os membros da bancada evangélica, os vereadores Raiff Matos (DC) e Marcel Alexandre (Avante) se posicionaram contra a participação da prefeitura no Casamento Coletivo LGBTQIAPN+ e apoiaram a decisão do Chefe do Executivo. O vereador Marcel Alexandre foi mais a fundo em seu discurso e criticou duramente a união entre os casais homoafetivos. “Eu não quero uma sociedade e não quero que meus filhos tenham isso como referência. Não existe isso de casamentos de iguais, isso é uma distorção. Me levanto contra, acho que esse assunto é passado e mantenho o posicionamento daquilo que é de maioria. Respeitar é uma coisa, mas obrigar o poder público a isso, definitivamente não”.
O Diário da Capital entrou em contato com a Prefeitura de Manaus para entender as reais motivações do cancelamento, por outro a assessoria de comunicação informou apenas que está verificando a demanda e até o fechamento desta matéria não obtivemos respostas.