O presidente Lula está tentando resolver a crise gerada com o Centrão, mas o PP está dividido sobre a estratégia do partido. De um lado, o presidente da Câmara, Arthur Lira, trabalha arduamente pela liberação de cargos e emendas. Do outro, o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, é contra a união com o governo.
Ciro Nogueira já ameaçou excluir das atividades partidárias os integrantes do PP que aceitarem cargos no governo Lula. Ele também afirmou que o partido está totalmente focado na oposição.
Em Brasília, a expectativa é que o governo anuncie as mudanças ministeriais até esta sexta-feira (19). O objetivo da reforma é acomodar lideranças do Centrão dentro de ministérios do governo para obter apoio na Câmara e no Senado para votações de interesse do Executivo.
Até o momento, o único ministério que sofreu alteração foi o do Turismo. Daniela Carneiro, prestes a trocar o União Brasil pelo Republicanos, saiu para dar lugar a Celso Sabino (União-PA). Dois nomes estão confirmados, mas ainda sem a definição de quem pasta irão ocupar: além de Fufuca, o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE). Entre os ministérios que podem mudar de mãos estão os do Esporte, o de Ciência e Tecnologia, o de Portos e Aeroportos, o do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o de Direitos Humanos e o de Desenvolvimento Social. Também podem ser negociados os comandos da Caixa Econômica Federal, da Embratur, da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e dos Correios.
Além de cargos, o PP também cobra a liberação de emendas a fim de que possa haver o avanço de pautas do governo no Congresso. Esse parece ser o único aspecto em que Arthur Lira e Ciro Nogueira convergem.
“As emendas têm de ocorrer. Nunca tivemos uma inoperância tão grande nas prefeituras por conta das demoradas em pagamento deste governo”, disse Ciro Nogueira. “A população não quer saber se seu parlamentar indicar cargo, não. Quer saber de obras. O orçamento tem de ser feito pelo Congresso”, defendeu.
A reforma ministerial é uma tentativa de Lula de pacificar a relação com o Centrão e obter apoio do partido para as votações no Congresso. No entanto, a divisão interna do PP pode dificultar a aprovação das reformas desejadas pelo governo.