<p>“É importante que sejamos nós falando sobre nós mesmos”. É assim que o ator, dramaturgo e diretor amazonense Adanilo enxerga a importância da participação e inserção de artistas e produções nortistas no cenário do audiovisual. Protagonista do longa-metragem “Noites Alienígenas”, ele se prepara para acompanhar a estreia nacional do filme no 50º Festival de Cinema de Gramado, um dos mais importantes do país.</p>
<p>Manauara nascido e criado no bairro da Compensa, na zona Oeste, ele falou ao Diário da Capital como vê o Amazonas e outros estados do Norte sendo cenários de grandes oportunidades e produções artísticas.</p>
<p>Apesar da veia artística desde criança, é só em 2011, aos 21 anos, que Adanilo estreia a carreira no cinema e no teatro, em Manaus. A trajetória do ator indígena se entrelaça entre produções independentes e regionais, dirigindo e escrevendo peças de teatro e curtas-metragem, até 2017, quando assume um papel no seu primeiro longa-metragem, o filme Marighella, dirigido pelo ator e diretor, Wagner Moura.</p>
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<figure class="wp-block-image alignleft size-full is-resized"><img src="https://diariodacapital.com/wp-content/uploads/2022/08/53421949_623347831452022_1305567249351835648_n.jpg" alt="" class="wp-image-5306" width="455" height="303"/></figure>
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<p>“Eu vou fazer o clichê de dizer que todo projeto marca, todo projeto é importante, mas é a verdade, cada um desses filmes e peças de teatro que eu fiz tem um espaço especial no meu coração. Acho que o Marighella é um desses trabalhos, tem esse lugar especial porque foi o primeiro longa-metragem que eu fiz, foi o primeiro filme que eu fiz fora de Manaus, então tem todo um peso, e por ser esse filme, especificamente, de ter a força que esse filme tem e que segue reverberando até hoje”, afirmou.</p>
<p>Adanilo acredita que a importância de vozes e rostos nortistas em produções nacionais de grande escala é fundamental para alavancar talentos e abrir portas para a inserção de novos artistas no mercado. Ao Diário da Capital, ele revela que apesar do pouco incentivo, artistas do Norte vêm se destacando e abrindo espaços para novas gerações.</p>
<p>“O talento das pessoas que produzem cinema no Amazonas é tão grande que se sobressai [à falta de incentivos], e a prova são as experiências que tivemos recentemente com a participação de filmes nossos em importantes festivais, com atores e atrizes furando a bolha do mercado nacional do audiovisual, diretores e diretoras reconhecidos e eu acho que o audiovisual amazonense vive em um momento de ascensão na última década, o cinema do norte vive uma ascensão”, disse.</p>
<h2><strong>Festival de Gramado</strong></h2>
<p>Entre os dias 12 e 20 de agosto, acontece o 50º Festival de Cinema de Gramado. A produção “Noites Alienígenas” é ambientada na periferia de Rio Branco, no Acre, e conta a história de três jovens que têm suas vidas cruzadas após uma tragédia. Adanilo interpreta um jovem indígena que vive em contexto urbano e trava uma batalha contra o vício em drogas.</p>
<p>A produção concorre à categoria de Longas Metragens Brasileiros com outros sete longas. "Acho que esse ano tem quatro projetos do Norte no Festival de Gramado, e é uma edição histórica nesse sentido, acho que nunca teve tantos projetos do Norte participando, e tem muito a ver com o momento do audiovisual do Norte mesmo, essa força que a gente tem conseguido imprimir nos nossos trabalhos", destacou.</p>
<p>"O fato de estarmos em ascensão dentro do circuito de cinema do Brasil se dá por diversos fatores, e alguns deles são as temáticas, nós temos muitos temas para explorar sobre a Amazônia, temos muito a explorar e é muito importante que sejamos nós que estejamos à frente desses temas, dessas discussões, é importante que sejamos nós falando sobre nós mesmos", destacou o ator e dramaturgo.</p>
<h2><strong>Visibilidade histórica</strong></h2>
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<figure class="wp-block-image aligncenter size-large is-resized"><img src="https://diariodacapital.com/wp-content/uploads/2022/08/IMG_1864-1024x576.jpg" alt="" class="wp-image-5304" width="642" height="361"/></figure>
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<p>Indígena que cresceu em contexto urbano como o seu personagem em Noites Alienígenas, Adanilo também destaca a participação de atores indígenas em produções, principalmente que falem e discutam questões da Amazônia.</p>
<p>"Mais recentemente a gente tem conseguido ter mais espaços dentro do mercado audiovisual do Brasil e isso é muito bom de ver, atrizes e atores indígenas disputando mesmo a narrativa e podendo cada vez mais contar essas histórias que sempre foram contadas da gente, mas dessa vez esse protagonismo tá sendo encabeçado por nós mesmos, e isso é a coisa mais importante, e nunca mais terão histórias sobre nós sem nós", completou Adanilo.</p>
<p><strong>Futuros projetos</strong></p>
<p>Atualmente, o ator está em processo de ensaio e preparação de elenco para o filme "Ricos de Amor 2", uma comédia romântica de produção da Netflix, que se passa no Rio de Janeiro e no Amazonas. As gravações iniciam no segundo semestre do mês de agosto e traz no elenco os atores Giovanna Lancellotti e Danilo Mesquita. A data de lançamento ainda será anunciada pela Netflix.</p>
<p>Estreando na Direção, o ator pretende lançar o curta-metragem "Castanho", no próximo ano. Filmado em 2021, o curta conta a história da inserção de uma mulher latino-americana em uma comunidade ribeirinha do Amazonas.</p>
<p>"Eu estou muito ansioso, muito feliz, é o primeiro curta que eu faço direção, estou muito empolgado com isso", disse.</p>