Ailton Krenak, escritor indígena e renomado ativista ambiental, conquistou um feito histórico ao ser eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL) nesta quinta-feira (5). Com 23 votos a seu favor, Krenak se torna o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na ABL, assumindo a de número 5, que pertencia ao saudoso José Murilo de Carvalho, falecido em agosto deste ano.
Essa eleição representa um marco importante para a valorização da cultura indígena, dos direitos indígenas e da preservação ambiental no Brasil. A conquista de Ailton Krenak é celebrada não apenas pela Academia, mas por todo o país.
O presidente da ABL, Merval Pereira, destacou a visão de mundo única de Krenak, que se alinha perfeitamente com as preocupações atuais sobre o meio ambiente e os direitos dos povos originários. Pereira mencionou o livro "Futuro Ancestral" de Krenak, que aborda a preservação dos rios como uma forma de salvaguardar o futuro. Segundo o presidente da ABL, a visão de Krenak sobre a relação entre seres humanos e natureza é fundamental.
A data de posse de Ailton Krenak na ABL ainda não foi definida e será acordada entre o escritor e a instituição. Ailton Krenak nasceu em 1953 na região do vale do rio Doce, território do povo Krenak, uma área afetada pela atividade de extração de minérios.
Ele é um notável ativista do movimento socioambiental e da defesa dos direitos indígenas, sendo comendador da Ordem de Mérito Cultural da Presidência da República e doutor honoris causa pelas Universidades Federais de Minas Gerais e Juiz de Fora.
Ailton Krenak foi fundamental para a inclusão do "Capítulo dos índios" na Constituição de 1988, garantindo, no papel, os direitos indígenas à cultura e à terra. Seus livros recentes, como "Ideias para adiar o fim do mundo", "A vida não é útil", "Futuro ancestral" e "Lugares de Origem" têm abordado questões críticas como a pandemia da COVID-19 e a importância da conexão com a natureza.
Sua eleição para a ABL reforça a relevância de sua voz na promoção da cultura indígena e na luta pelos direitos indígenas e ambientais, além de celebrar a diversidade e a pluralidade da literatura brasileira.