Durante a 91ª sessão ordinária da Câmara Municipal de Manaus (CMM), realizada nesta terça-feira (14/10), o vereador Rodrigo Guedes (Progressistas) voltou a repercutir a denúncia do abandono do Parque Cidade da Criança, localizado na zona Centro-Sul da capital. Segundo o parlamentar, o espaço, que já foi considerado um dos melhores parques infantis do Brasil, encontra-se em estado de deterioração, sem manutenção, obras estruturais ou condições adequadas para receber o público.
Guedes relembrou que o prefeito David Almeida (Avante) e o vice-prefeito Renato Júnior visitaram o local e anunciaram publicamente a reforma completa do parque, com entrega prometida até o Dia das Crianças deste ano. No entanto, ao realizar uma nova vistoria no espaço na semana passada, o vereador constatou que o parque continua abandonado, sem avanços nas obras prometidas.
“É uma máquina de bilhões para distorcer a verdade. A imprensa, em boa parte, está comprada com dinheiro público. Eu estive no parque no dia 4 de outubro de 2024, e ele continuava do mesmo jeito, a única diferença eram algumas pinturas. Desde janeiro, o secretário afirma que o espaço está em reforma. Desde janeiro não foi possível fazer nada? Nem uma pintura? Nosso papel é investigar, e isso estamos fazendo. Mas sabe o que seria muito fácil? Ficar calado”, indagou Guedes.

Durante a sessão, o vereador Capitão Carpê (PL) comentou sobre as dificuldades enfrentadas pelos parlamentares que realizam fiscalizações em áreas essenciais, como infraestrutura e saúde pública. Ele afirmou que muitas dessas ações acabam gerando processos judiciais contra os vereadores, evidenciando, segundo ele, a resistência da gestão municipal às iniciativas de controle e transparência.
Carpê destacou, ainda, que a Prefeitura de Manaus administra um orçamento anual superior a R$ 10 bilhões, mas mesmo com esses recursos há pouca abertura para o trabalho fiscalizador dos parlamentares.
“Eu, por exemplo, acabo respondendo a processo por parte da prefeitura por fazer a minha parte, que é fiscalizar. Olha que incrível. O prefeito se sente extremamente ofendido, o seu secretariado extremamente ofendido, e os vereadores, inclusive, vão para o front, como se fossem advogados do prefeito e não agissem como defensores da população”, disse.
O vereador afirmou que, para a prefeitura, fiscalizações em locais como UBSs ou o Parque Cidade da Criança são vistas como uma “afronta”. Na prática, segundo Carpê, isso transforma o papel legítimo dos vereadores em algo questionável, enquanto a população sofre com a falta de atenção e acompanhamento dos serviços públicos, acompanhando os problemas de longe.

De acordo com o Carpê, o Parque Cidade da Criança estava em completo abandono justamente no dia em que se celebra o Dia das Crianças. Segundo ele, o espaço apresentava estrutura precária, com lixeiras danificadas e falta de manutenção. O parlamentar ironizou a situação ao afirmar que o local deveria se chamar “Cidade Abandonada”, em vez de “Cidade da Criança”.
O parlamentar alegou que a divulgação dos vídeos sobre o Parque Cidade da Criança gerou indignação e repercussão negativa para a gestão municipal. Ele destacou que Rodrigo Guedes (Progressistas) apenas cumpriu seu papel de fiscalizador e lamentou que, no Dia das Crianças, o parque estivesse totalmente abandonado.
“O que me deixa abismado é que o Dia das Crianças tem data fixa; todo ano está previsto no calendário. Qual espaço da cidade de Manaus é mais importante ou problemático do que a Cidade da Criança? Supõe-se que, no dia 12 de outubro, aquele local estaria apto, com segurança, reformas e manutenção, para receber a celebração mais importante do ano. Mas o que foi encontrado lá foi um completo abandono. Não se trata de uma ‘manutençãozinha’; o lixeiro estava caindo aos pedaços”, comentou.
O papel do Legislativo
O parlamentar Raiff Matos (PL) também destacou que a Prefeitura de Manaus precisa compreender que a fiscalização realizada pelos vereadores faz parte de seu papel, e não deve ser interpretada como perseguição.

“A prefeitura precisa entender que fiscalizar não é perseguir. Nós precisamos fiscalizar; nosso trabalho deveria ser visto como uma contribuição para a cidade. Conseguimos identificar problemas que servidores e secretários públicos muitas vezes não conseguem enxergar. A prefeitura deveria, na verdade, estar agradecendo”, ressaltou.
Ainda em discussão, o Coronel Rosses (PL) afirmou que os vereadores enfrentam dificuldades para cumprir seu papel de fiscalização. Segundo ele, toda vez que tentam exercer essa função, são atacados pela Prefeitura de Manaus e, frequentemente, rotulados pelo prefeito David Almeida como “caçadores de lacres”. Rosses destacou ainda que a cidade recebe inúmeras denúncias sobre o mau funcionamento dos serviços públicos, reforçando a importância da atuação dos parlamentares na fiscalização.
O vereador Raulzinho (MDB) afirmou que algumas pessoas estão criando narrativas equivocadas, tentando passar a impressão de que ele seria contra as crianças. Ele ressaltou que sua luta em defesa das crianças é verdadeira, e que nunca criaria uma narrativa para mostrar que não faz nada por elas, especialmente quando atua pela melhoria de um parque.
“Fiscalizar no final de semana, sábado e domingo, é claro que os trabalhadores não estariam lá, é notório, ou será que o nobre vereador, coloca o pessoal para trabalhar sábado e domingo no seu gabinete?”, questionou.
