Com o fim do recesso parlamentar, a Câmara Municipal de São Paulo poderá abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar organizações não governamentais (ONGs) que atuam na região da Cracolândia. O requerimento para a criação da CPI, protocolado em dezembro, já obteve as assinaturas necessárias, mas ainda precisa ser aprovado em plenário.
O vereador Rubinho Nunes, autor da proposta e cofundador do Movimento Brasil Livre (MBL), direciona o foco da CPI para a atuação do padre Julio Lancellotti e do movimento “A Craco Resiste”. Em suas redes sociais, Nunes alega que algumas pessoas "lucram politicamente com o caos instaurado na Cracolândia" e descreve a CPI como uma investigação na "máfia da miséria".
Críticos, incluindo o líder do PT na Câmara, vereador Senival Moura, contestam a iniciativa, sugerindo que é uma tentativa de cercear vozes e desrespeitar o trabalho humanitário do padre Julio. Nas redes sociais, várias mensagens de apoio ao padre foram publicadas, tornando o assunto um tópico popular.
A vereadora Luna Zarattini, também do PT, informou ter protocolado uma denúncia contra o vereador Rubinho Nunes na Corregedoria da Câmara, classificando a ação como uma tentativa de perseguir e atacar o padre Julio.
O padre Julio Lancellotti, em nota, esclareceu que não pertence a nenhuma ONG que utilize convênios com o poder público municipal e destacou que a atividade da Pastoral de Rua é uma ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo.
A Craco Resiste respondeu que não é uma ONG, mas um projeto de militância para resistir contra a opressão e atua na frente da redução de danos, denunciando políticas de truculência. O movimento considera a proposta de CPI como mais um ataque desonesto.