Foi com um discurso polêmico que Donald Trump, 47º presidente da Casa Branca, tomou posse e deu o tom da nova administração. Após criticar abertamente a gestão de seu antecessor, Joe Biden, o republicano enumerou as medidas que pretende adotar, com destaque para questão migratória e no protecionismo econômico, além de prometer reverter várias políticas do governo anterior.
Trump foi empossado pelo presidente da Suprema Corte, John Roberts, em uma cerimônia que marcou seu retorno à política após as condenações criminais que enfrentou. Seu vice, JD Vance, foi empossado por Brett Kavanaugh.
No discurso, Trump iniciou com críticas ferozes à gestão Biden, sendo aplaudido ao afirmar que o governo anterior falhou diante das recentes catástrofes naturais. Declarou também que o declínio dos Estados Unidos chegou ao fim e que “a era dourada da América começa agora”. Entre as promessas mais polêmicas, destacou-se a reversão do direito à cidadania por nascimento e o endurecimento das medidas de segurança na fronteira com o México.
“Primeiramente, vou decretar emergência nacional em nossa fronteira sul. Todas as entradas ilegais serão bloqueadas imediatamente e iniciaremos o processo de envio de milhões e milhões de estrangeiros criminosos de volta aos seus países de origem”, anunciou Trump.
Além disso, o novo presidente revelou que perdoará alguns envolvidos nos ataques ao Capitólio de 6 de janeiro de 2021, e que pretende declarar organizações criminosas, como o venezuelano Tren de Aragua e o salvadorenho MS-13, como terroristas, ordenando sua expulsão dos Estados Unidos.
A cerimônia de posse foi prestigiada por uma série de líderes políticos, ex-presidentes e bilionários influentes, incluindo Elon Musk, Jeff Bezos e Mark Zuckerberg. A cantora Carrie Underwood emocionou o público com sua interpretação de “America the Beautiful”.
Em um momento controverso, Trump falou sobre o Canal do Panamá, expressando sua admiração pelo ex-presidente William McKinley e sugerindo que os Estados Unidos deveriam recuperar o controle do canal, apesar de sua afirmação incorreta de que a China opera a via. Na realidade, o canal é administrado pelo Panamá. O presidente também mencionou que pretende rebatizar o Golfo do México, propondo a mudança para “Golfo da América”.
Trump aproveitou para anunciar uma ambiciosa meta espacial, revelando que os Estados Unidos irão “perseguir nosso destino manifesto entre as estrelas” e plantar a bandeira americana em Marte, o que provocou uma comemoração entusiástica de Elon Musk, fundador da SpaceX.
Agradecendo às comunidades hispânica e afro-americana pelo apoio em sua vitória, Trump prometeu que não as esqueceria. No entanto, foi enfático ao declarar mudanças em políticas relacionadas à diversidade.
“Acabarei com a política governamental de aplicar raça e gênero em todos os aspectos da vida pública e privada. A partir de hoje, a política do governo dos Estados Unidos é que existem apenas dois gêneros: masculino e feminino”, afirmou.
Com um discurso combativo e cheio de promessas grandiosas, Trump deixou claro que seu segundo mandato será marcado por ações controversas, buscando consolidar seu legado e dar novos rumos à política interna e externa do país.
Saída da OMS
Algumas horas após ser empossado, Trump anunciou a saída do país da Organização Mundial da Saúde (OMS) – a agência de saúde pública das Nações Unidas.
De acordo com ele, a OMS “continua a exigir pagamentos injustamente onerosos” aos EUA. Em julho de 2020, em meio à pandemia de Covid-19, Trump se retirou formalmente da organização pela primeira vez, congelando os repasses de dinheiro ao organismo. No entanto, acabou sendo revertida por seu sucessor, Joe Biden.
A ordem executiva assinada ontem por Trump menciona também a “má gestão da pandemia de Covid-19 pela organização que surgiu em Wuhan, na China, e outras crises globais de saúde, sua falha em adotar reformas urgentemente necessárias e sua incapacidade de demonstrar independência da influência política inapropriada dos estados-membros das OMS”.
O que é a OMS?
A Organização Mundial da Saúde foi fundada em 1948 como uma agência especializada em saúde subordinada à Organização das Nações Unidas (ONU), com sede em Genebra, na Suíça.
O Brasil é um dos membros-fundadores da OMS e ocupou a direção-geral do órgão durante duas décadas, com Marcolino Gomes Candau, entre 1953 e 1973.
A OMS atua no combate a doenças transmissíveis, como gripe e HIV, e doenças não transmissíveis, como câncer e distúrbios cardíacos. A organização é ainda responsável por ações de prevenção e vigilância.
Atualmente, a OMS conta com mais de 190 países-membros, espalhados em seis regiões e em mais de 150 escritórios.
O que diz a OMS
O porta-voz da OMS, Tarik Jašarević, afirmou nesta terça-feira (21) que lamenta a decisão de Trump e espera que o líder americano mude de ideia.
“Esperamos que os EUA reconsiderem, e realmente esperamos que haja um diálogo construtivo para o benefício de todos, para os americanos, mas também para as pessoas ao redor do mundo.”
