Com a cidade de Maceió em alerta devido ao afundamento da mina 18 da Braskem, pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) destacam a preocupação com as chuvas intensas, comuns nesta época do ano na região Nordeste. Humberto Barbosa, coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite da UFAL, alerta que as chuvas podem ampliar o risco de colapso do solo.
O monitoramento meteorológico tornou-se crucial diante da possibilidade de efeito dominó no solo já comprometido. A previsão de maior risco para deslizamentos ocorre se chover 200 milímetros em 10 horas, representando cerca de 12% do total anual na região. Barbosa ressalta que, mesmo chuvas moderadas e fortes, podem não causar o colapso imediato, mas ele teme possíveis reações em cadeia.
O pesquisador destaca a falta de precedentes na literatura para um desastre como o que ocorre em Maceió, transformando a cidade em um "laboratório de desastres". O período de Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN) e a possível influência do El Niño nas precipitações aumentam a complexidade da situação.
Barbosa alerta para a necessidade de divulgação de riscos à população, considerando a fragilidade da infraestrutura de escoamento da cidade. O contexto de intervenções humanas, incluindo a exploração da Braskem, contribui para tornar o terreno menos resistente às chuvas.
A reportagem buscou informações sobre medidas de proteção em caso de chuvas intensas, mas até a publicação, não obteve resposta da Defesa Civil de Maceió e da Braskem.
O colapso da mina 18, considerado o maior desastre ambiental urbano do país, já afetou mais de 20% do território de Maceió, causando o deslocamento de milhares de pessoas. A Braskem, responsável pela exploração, enfrenta multas e acordos, enquanto a população aguarda respostas sobre a segurança da região afetada.