A nova investida protecionista do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode trazer impactos para a economia brasileira. Na última segunda-feira (10), o governo americano informou sobre a imposição de uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio, atingindo diretamente o Brasil, um dos principais fornecedores desses produtos para os EUA.
A medida faz parte da estratégia de Trump para fortalecer a indústria nacional e reduzir a dependência de produtos estrangeiros. Especialistas alertam, no entanto, que a taxação pode gerar consequências adversas, como aumento da inflação nos EUA, instabilidade nos mercados globais e até risco de recessão.
Brasil entre os mais afetados
Atualmente, os Estados Unidos são o maior comprador do aço brasileiro. Em 2024, apenas o Canadá superou o Brasil na exportação desse insumo para os americanos. De acordo com dados do Instituto Aço Brasil, os EUA compraram 49% do total exportado pelo país em 2022.
No setor de alumínio, o impacto tende a ser menor, já que os americanos representam apenas 15% das exportações brasileiras, segundo a Associação Brasileira do Alumínio (Abal). O principal comprador desse produto é o Canadá, que absorveu 28% das exportações brasileiras em 2023.
Com a taxação, especialistas prevêem que o aço brasileiro poderá ficar mais barato no mercado interno, o que pode gerar demissões na indústria siderúrgica. Caso a produção diminua, setores interligados também podem ser afetados, reduzindo produtividade e empregos.
Governo brasileiro avalia resposta
Diante da nova taxação, o governo brasileiro estuda formas de reação. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que aguarda a oficialização da medida para se manifestar. Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que o Brasil pode adotar a lei da reciprocidade, elevando as tarifas sobre produtos americanos.
“O mínimo de decência que merece um governo é utilizar a lei da reciprocidade”, declarou Lula em entrevista na semana passada.
No primeiro mandato de Trump, medidas semelhantes foram adotadas, mas posteriormente os EUA concederam isenções para alguns parceiros comerciais, incluindo Brasil, Canadá e México. Ainda não está claro se o atual tarifaço seguirá o mesmo caminho.
Risco de guerra comercial global
A decisão de Trump já repercute nos mercados internacionais. Ações asiáticas registraram oscilações e o dólar se valorizou diante da possibilidade de um aumento na tensão comercial entre as principais economias do mundo. O euro, o dólar canadense e o iene japonês sofreram desvalorização, enquanto a moeda chinesa atingiu seu menor nível em três semanas.
O economista Igor Lucena, especialista em comércio exterior, alerta que a taxação pode não trazer os benefícios esperados para os EUA. “Um aço mais caro ou a falta de aço pode impactar negativamente a economia americana”, afirmou. Ele também acredita que a medida pode ser usada como barganha em futuras negociações comerciais.
Diante desse cenário, a indústria brasileira aguarda os desdobramentos da medida e a resposta do governo para minimizar os impactos no setor.