O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou nesta sexta-feira (9) um vídeo de uma reunião datada de 5 de julho de 2022, na qual o ex-presidente Jair Bolsonaro instrui sua equipe ministerial a disseminar informações que levantassem dúvidas sobre a segurança das urnas eletrônicas e a credibilidade do Poder Judiciário. Em um encontro com duração de uma hora e trinta minutos, Bolsonaro foi registrado orientando seus ministros a adotarem discursos críticos em relação a instituições como o STF e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), visando minar a confiança no processo eleitoral.
O vídeo foi apresentado como uma das provas pela Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal na quinta-feira (8), que investiga uma suposta organização criminosa envolvida na tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023. Nas imagens, Bolsonaro expressa preocupação com uma possível vitória do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva e cobra de seus ministros a reprodução de argumentos que questionem a legitimidade das eleições.
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Bolsonaro deixou claro que as "providências" a serem tomadas não envolveriam o uso de força física, mas sim a adoção de discursos alinhados ao seu. Ele enfatizou a necessidade de contundência e mencionou planos de buscar apoio entre embaixadores para evitar um "caos" no país em caso de derrota eleitoral.
O ex-presidente levantou suspeitas sobre a atuação de ministros do STF, como Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, e criticou o funcionamento do Supremo como um "super-supremo", alegando decisões que considerava além dos limites. O ministro Alexandre de Moraes, ao apresentar a decisão do STF, destacou que a investigação da Polícia Federal identificou um dos eixos da organização criminosa atuando para desacreditar o processo eleitoral e buscar a permanência do grupo no poder.
A divulgação do vídeo levanta questões sobre a integridade do processo democrático e o respeito às instituições no Brasil, gerando intensos debates sobre os limites do discurso político e a responsabilidade das autoridades no fortalecimento da democracia.