Atendendo a pedidos das prefeituras e autoridades locais, a Defesa Civil do Amazonas intensifica, desde outubro, vistorias técnicas em portos e áreas de risco em diversos municípios do estado. As inspeções aconteceram após o surgimento de rachaduras e erosões em estruturas portuárias e margens fluviais, que podem comprometer a segurança de populações que dependem dessas instalações.
No dia 7 de outubro deste ano, o porto de Manacapuru, na Região Metropolitana de Manaus, desabou e teve a estrutura engolida pela terra, numa proporção que abrange a maior parte da área portuária. De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB), o acidente foi provocado pelo fenômeno de “terras caídas”. O relatório também apontou uma combinação entre a seca extrema na região e intervenções humanas, provocando fragilidade no solo. A tragédia ocorreu às margens do rio Solimões e deixou duas vítimas fatais.
Entre os municípios visitados pelas equipes técnicas da Defesa Civil estão Parintins, Anamã, Codajás, Beruri, Autazes, São Paulo de Olivença e Boa Vista do Ramos. Os profissionais analisaram características do solo, estabilidade das margens e danos estruturais, em busca de riscos que possam causar deslizamentos ou acidentes. O laudo técnico emitido pelo órgão estadual servirá de base para a tomada de decisões locais, permitindo ações imediatas para mitigar os riscos e proteger a população.
“Essas vistorias são respostas diretas às demandas dos municípios. A análise técnica permite identificar os problemas e elaborar um laudo com orientações para que as prefeituras possam agir preventivamente e corrigir os danos”, explicou a engenheira da Defesa Civil do Amazonas, Jessyca Lever.
O Amazonas enfrenta ciclos de enchentes e vazantes intensos, como os registrados nos últimos anos, que colocam pressão adicional sobre as estruturas portuárias.
“Nosso trabalho é avaliar os danos, identificar riscos e fornecer informações técnicas para os municípios, que são responsáveis pela primeira resposta”, destacou o major Guilherme Sampaio, coordenador de Gestão de Risco da Defesa Civil.
Terras Caídas em Manacapuru
Para o trabalho, o SGB vistoriou, entre 8 e 10 de outubro, a área do Porto da Terra Preta, também conhecido como Porto do Zé Maria, situada ao lado do Terminal Hidroviário do município. O relatório aponta uma combinação entre a seca extrema que afeta a região, fenômeno de terras caídas e intervenções humanas, provocando fragilidade no solo.
“Os fatores que levaram à ruptura do terreno foram: localização do porto na margem erosiva, onde o Rio Solimões faz a curva, bem em frente à área de deslizamento; presença de minas d’água na base do talude, saturando o solo; aterro lançado sobre os solos instáveis da margem do Rio Solimões, cuja sobrecarga pode ter contribuído para sua desestabilização, somado à descida rápida (e acima da média) do nível d’água, para o período de vazante recorde”, indica o documento.
Para o órgão, o estudo é essencial para informar sobre a ocorrência do fenômeno na região e orientar gestores públicos para ações preventivas.