O ano de 2024 teve 41 dias de calor extremo, de acordo com o relatório, realizado pela World Weather Attribution (WWA, na sigla em inglês) e pelo coletivo Climate Central, lançado nesta sexta-feira (27). O levantamento concluiu que as mudanças climáticas intensificaram 26 dos 29 eventos extremos analisados, e causaram a morte de ao menos 3.700 pessoas, deixando milhões desalojadas.
Entre os eventos extremos agravados pelas mudanças climáticas, está a seca histórica na Amazônia. A WWA mostrou que a ocorrência da seca na maior floresta tropical do mundo foi 30 vezes mais provável por conta da crise do clima.

De acordo com as medições feitas pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), os rios atingiram os menores níveis da série histórica. Em Manaus, o Rio Negro, que segue em processo de recuperação após enfrentar a pior seca em mais de 122 anos, ainda se encontra abaixo do nível normal, com apenas 17,54 metros.
Em todo o Amazonas, mais de 800 mil pessoas foram impactadas pela estiagem.
A redação do Diário da Capital questionou o Governo do Amazonas sobre as possíveis medidas de prevenção para 2025, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.
Impactos pelo mundo
As enchentes no Sudão, na Nigéria, no Níger, em Camarões e no Chade foram as mais mortais analisadas, deixando ao menos duas mil vítimas fatais e milhões de desalojados. O relatório destaca que a crise do clima expõe cada vez mais pessoas a temperaturas perigosas por mais tempo ao longo do ano, apontando que, se o mundo não abandonar rapidamente o petróleo, o gás e o carvão, o número de dias quentes por ano continuará a aumentar, colocando em risco a saúde pública e os ecossistemas.
“Este ano, de eventos extremos fora da curva, mostra o quão perigosa a vida já se tornou com 1,3ºC de aquecimento induzido por atividades humanas, e destaca a urgência de se deixar os combustíveis fósseis responsáveis pelo aquecimento do planeta para trás o mais rápido possível”.
Recomendação dos cientistas
Os cientistas afirmaram que os países precisam agir imediatamente e apresentaram quatro resoluções urgentes para enfrentar a mudança do clima e proteger a população global em 2025. A primeira delas, sem surpresas, é a transição energética imediata, que afasta as fontes fósseis.
Além disso, destacam os autores, é preciso melhorar os sistemas de alertas precoces para eventos extremos, ampliar a vigilância em tempo real de mortes por calor extremo e garantir o financiamento internacional para ajudar os países em desenvolvimento a se adaptarem às mudanças climáticas.
“Os impactos do aquecimento induzido pelos combustíveis fósseis nunca estiveram tão claros e tão devastadores como em 2024. O clima extremo matou milhares de pessoas, desalojou milhões e causou sofrimento implacável neste ano. As enchentes na Espanha, os furacões nos Estados Unidos, as secas na Amazônia e enchentes em toda a África são apenas alguns exemplos”, afirmou Friederike Otto, diretor da WWA e pesquisador sênior em ciência climática do Imperial College London.