A Hidrelétrica de Santo Antônio, uma das maiores do Brasil, precisou paralisar 86% de suas turbinas devido à seca extrema do rio Madeira, em Rondônia. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a usina está operando com apenas sete das 50 unidades geradoras, o que representa 14% de sua capacidade total. Na terça-feira (3), o rio atingiu seu menor nível em quase 60 anos, marcando apenas 1,02 metro.
A Eletrobras, que controla a hidrelétrica, informou que a manobra de paralisação das unidades geradoras na margem esquerda e no leito do rio foi necessária para concentrar a geração de energia nas turbinas localizadas na margem oposta. Mesmo com a crise, a usina continua gerando aproximadamente 490 Megawatts, suficiente para abastecer parte do Norte e outras regiões do país. No entanto, a empresa não descarta a possibilidade de uma parada total caso as condições hídricas se deteriorem ainda mais.
A crise hídrica no rio Madeira é reflexo de uma combinação de fatores climáticos, incluindo o fenômeno El Niño e o aquecimento anômalo do Oceano Atlântico Norte. A seca não só afeta a geração de energia, mas também a vida da população ribeirinha, que enfrenta escassez de água potável. Comunidades às margens do rio, como a de Maravilha, já sofrem com a falta de água, agravada pela morte de peixes e pelo secamento de igarapés.
Em resposta à situação, a Agência Nacional de Águas (ANA) já havia declarado em julho uma condição crítica de escassez hídrica no rio Madeira. A usina de Santo Antônio, que opera em formato de “fio d’água” e depende do fluxo contínuo do rio, corre o risco de paralisar totalmente suas atividades se as vazões continuarem a cair.
A Eletrobras afirma estar adotando todas as medidas técnicas e operacionais possíveis para evitar a total interrupção da geração de energia, mas a situação permanece delicada. A seca histórica de 2024 já é um dos maiores desafios enfrentados pela hidrelétrica desde o início de suas operações, levantando preocupações sobre a segurança energética no Brasil.