<p>Nesta terça-feira (22/08), Manaus completou quatro dias coberta por uma nuvem tóxica de fumaça. O fenômeno está chamando a atenção da população e é resultante de intensas queimadas no sudoeste paraense, e no sul do Amazonas. Especialistas afirmam que, mesmo com frequência anual das queimadas, intensa nuvem de fumaça preocupa e traz grandes danos à qualidade do ar na capital amazonense.</p>
<p>No início do sábado (20/08), os manauaras acordaram com a cidade coberta de algo que parecia uma intensa neblina, mas o cheiro denunciava: era fumaça de queimada. Mesmo com chuva, a fumaça cobriu a cidade durante o final de semana, até a segunda-feira. Especialistas logo descobriram o motivo do fenômeno: as queimadas ilegais na Amazônia.</p>
<p>A intensa fumaça foi provocada , principalmente, por queimadas nos municípios de Altamira e Novo Progresso, no Pará. A área, junto a municípios do sul do Amazonas, como Apuí e Humaitá, é conhecida como "Arco do Desmatamento", e que em todos os anos têm aumento no número de focos de incêndio ilegal, principalmente entre os meses de agosto e outubro.</p>
<p>Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), há uma influência da massa de ar polar sobre a circulação de ventos no Amazonas, que fazem com que a fumaça das queimadas da região do "Arco do Desmatamento" seja transportada para a Região Metropolitana de Manaus.</p>
<p>O meteorologista Willy Hagi falou ao Diário da Capital e explicou de que forma o transporte dessa fumaça tóxica pode interferir de forma severa na qualidade do ar em Manaus e em municípios próximos.</p>
<p>"É importante deixar claro que esses níveis de poluição são extremamente elevados e muito prejudiciais para a saúde, tanto no curto quanto no médio e longo prazo. As partículas desse ar mais poluído são muito pequenas e conseguem entrar no sistema respiratório das pessoas com mais facilidade e causar mais internações nos hospitais", afirmou.</p>
<p>Segundo o especialista, intensas queimadas podem causar um sério desequilíbrio no sistema natural e isso poderá se refletir não apenas na piora da qualidade do ar e nas fumaças que invadem a cidade. </p>
<p>"O que aconteceu agora em Manaus não é tão comum assim, mesmo que já tenham acontecido alguns episódios desse tipo no passado recente, mas isso precisa ligar de vez o alerta de que as queimadas na Amazônia são reais e estão aumentando em quantidade nesses últimos anos" destacou Hagi. </p>
<p>Foi através de um dos centros de monitoramento mantidos pelo curso de Meteorologia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) que Hagi observou as estimativas de concentração de monóxido de carbono - um sinalizador de queimadas - nas regiões do sul do Amazonas e sudoeste do Pará.</p>
<p>Para o meteorologista, a falta de uma estação de monitoramento direto nos municípios onde há maior concentração das queimadas também dificulta o acesso a maiores informações sobre a qualidade do ar em todo estado. A falta de dados pode dificultar ações de prevenção e combate aos focos de incêndio.</p>
<p>"Nessa questão, ainda estamos muito atrás de vizinhos como o Acre, que tem uma rede muito extensa e de muita qualidade de estações de monitoramento de qualidade do ar. Dados desse tipo são de muita valia para direcionar atuações do poder público tanto na questão ambiental quanto na própria saúde pública", afirmou Willi Hagi.</p>
<p>Apesar dos intensos registros de fumaça e concentração de gases poluentes entre o Amazonas e o Pará, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) afirmou, em nota, que tem monitorado os focos de calor, em especial, no Sul do Amazonas, onde ocorrem operações permanentes junto a 108 servidores das forças ambientais e de segurança pública, além de 233 brigadistas florestais remunerados pelo Estado.</p>
<p>"O órgão ressalta que o Amazonas apresenta redução de 42% no número de focos de calor registrados de 1 a 17 de agosto, em relação ao mesmo período de 2021. A queda também é verificada no acumulado de 1º de janeiro a 17 de agosto, com diminuição de 26%, em relação ao ano passado", disse o Ipaam, em nota emitida à imprensa.</p>