Polêmica: a cantora Luisa Sonza não está sendo acusada pelo crime de racismo - Diário da Capital: Amazonas em notícias e matérias

Recentemente o processo envolvendo a cantora Luisa Sonza em um suposto episódio de racismo cometido contra a advogada Isabel Macedo de Jesus, em 2018, voltou à tona na mídia. Isso porque, uma audiência virtual que havia sido marcada teve que ser cancelada, pois o link foi vazado na internet.

Com isso, o caso voltou a ser discutido e a cantora, cobrada pela sociedade civil. O caso, ocorrido em 2018, só veio a público em 2020 após o jornalista Léo Dias publicar uma nota.

Em 2018, após esse episódio, a advogada registrou um boletim de ocorrência como crime de racismo na Delegacia de Polícia da 36ª Circunscrição de Fernando de Noronha. E um pouco mais tarde, em 2020, entrou com uma ação de danos morais, portanto, legalmente esse caso não envolve racismo e nem o crime de injúria racial.

Na época, a própria cantora negou o ocorrido: “Gente, tudo isso é mentira! Eu jamais teria esse tipo de atitude. Vocês me conhecem bem, sabem qual é o meu caráter, minha índole”.

Isabel Macedo abriu um processo contra a Luisa pedindo a indenização por danos morais no valor de 10 mil reais (R$ 10.000,000)

“Eu acionei o judiciário para que ela pague pelo que fez e entenda que isso não pode se repetir. A minha intenção com a ação é que isso tenha um caráter pedagógico, embora não tenhamos obrigação alguma de ensinar nada ao branco. Minha intenção com essa ação é que ela aprenda. Não quero e nem vou me expor na mídia, pois sei que o sistema racista, muitas vezes, coloca a vítima no lugar de culpada e oportunista, e isso também é uma atitude racista. Racismo não é vitimismo, é crime”, relatou a advogada.

Agora, após a repercussão do caso, os advogados da cantora conseguiram que o processo siga em segredo de justiça.

<h2 style="font-size:25px">Entenda o caso</h2>

Em entrevista ao site Notícia Preta em 2020 — essa foi a única entrevista que a advogada concedeu à imprensa —, Isabel Macedo revelou que, durante uma viagem a Fernando de Noronha, estava em uma pousada comemorando seu aniversário, onde Luisa Sonza se apresentava.

“Era meu aniversário, eu tinha viajado sozinha e estava dançando, me divertindo e aproveitando a festa. Ao voltar do banheiro fiquei próxima do palco para ouvir a música. Por um acaso parei atrás da Luísa. No evento tinham vários famosos, mas nem sabia quem era ela. Nunca tinha ouvido falar. Foi então que ela virou, bateu no meu ombro e disse ‘Pega um copo d’água pra mim?’. Eu respondi que não tinha entendido, ela repetiu a frase e completou: 'Você não trabalha aqui?’”. Em seguida, a advogada conta que foi então que Luisa disse: 'Não é isso que você está pensando’, relatou a vítima.

Após o ocorrido, a advogada se questionou do porquê de Luisa supor que ela trabalhasse servindo as pessoas na festa. “O que fez com que ela (Luisa Sonza) pensasse que eu só pudesse ser, naquele lugar de rico,a empregada?”, relatou Isabel.

“Na hora, eu disse a ela que ela nunca sentiria o que eu estava sentindo, pois ela nunca seria confundida com as pessoas que servem nas festas que ela frequenta. Não é demérito algum ser empregada, eu mesma já fui doméstica, a questão é por que a branquitude sempre nos enxerga nessa posição de serviçal? Por que nos entendem como pessoas que só podem servi-los mas nunca como pessoas que podem consumir, viver e viajar como eles?”, indagou.

A defesa da cantora, no entanto, pediu a extinção do processo alegando que Isabel atuou de má-fé, para “usufruir de vantagens financeiras e obter seus cinco minutos de fama”.

<h2 style="font-size:25px">Posicionamento da cantora</h2>

Na última segunda-feira (19), a cantora Luisa Sonza se pronunciou sobre o caso em suas redes sociais. Após ficar ausente das redes durante alguns dias e ser cobrada pelos internautas, a artista afirmou que estava acompanhando toda a repercussão, mas que preferiu o silêncio para conversar com pessoas próximas e entender melhor as questões sociais.

Em sua postagem, ela esclarece:

“Gente, eu tô acompanhando tudo, e o meu silêncio nesses dias não é porque não queria falar sobre o assunto, mas porque eu precisava desse tempo para refletir melhor algumas questões que eu dominava, mas me dei conta que não.

Quero agradecer vocês que, com razão, me cobraram, e dizer o quanto tudo isso foi importante para mim. Aprendi a ver, mais a fundo, a história por outra perspectiva e perceber a dor do outro. Me coloquei no lugar. E entendi que precisa ser sempre assim.

Me dei conta de que todos, até mesmo pessoas como eu, que se reconhecem como aliadas a questões sociais, precisam sempre estudar mais e buscar por mais conhecimento e ainda mais empatia. Estou lidando com essa situação como uma oportunidade para tentar ser melhor, como sempre tentei fazer todas as vezes que alguma coisa aconteceu comigo, publicamente ou não. Por isso, a minha decisão é solicitar uma audiência especial para resolver amigavelmente o processo, acatando o valor (solicitado) da autora.

Eu não tenho medo de colocar meus privilégios, que reconheço que tenho, à disposição para chamar atenção pra essas questões sociais e tentar diminuir qualquer tipo de discriminação.

Por fim, quero esclarecer que esse caso veio a público em 2020, quando foi aberto, e é um processo de danos morais – não estou respondendo por processo criminal, como foi divulgado, e não há nenhum outro em andamento”.

https://twitter.com/luisasonza/status/1572025797925535745?s=20&t=ys1Y-9FC3-v1_ks9r4d_2g

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