A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta terça-feira (19), o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, que comandava a 3ª Companhia de Forças Especiais em Manaus, suspeito de integrar uma organização criminosa responsável por planejar um golpe de Estado, para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o pleito de 2022. O plano incluía o assassinato de Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin. Hélio foi destituído do cargo em fevereiro deste ano.
Outros três militares também foram presos no estado do Rio de Janeiro, Goiás e em Brasília. A maioria dos investigados tem formação em Forças Especiais (FE), denominados “kids pretos”, como são conhecidos os integrantes da elite do Exército Brasileiro.
“Foi identificada a existência de um detalhado planejamento operacional, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, voltado ao homicídio dos candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República eleitos”, destacou a PF.
As investigações identificaram, ainda, que o plano se estendia ao Supremo Tribunal Federal (STF), para restringir o livre exercício do Poder Judiciário. “Ainda estavam nos planos a prisão e a execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que vinha sendo monitorado continuamente, caso o golpe de Estado fosse consumado”, segundo a PF. Nesse caso, o alvo era o ministro Alexandre de Moraes.
Em operação deflagrada em fevereiro, a Polícia Federal já investigava um grupo que atuava na tentativa de golpe de Estado e que monitorava o ministro.
“O planejamento elaborado pelos investigados detalhava os recursos humanos e bélicos necessários para o desencadeamento das ações, com uso de técnicas operacionais militares avançadas, além de posterior instituição de um ‘gabinete institucional de gestão de crise’, a ser integrado pelos próprios investigados para o gerenciamento de conflitos institucionais originados em decorrência das ações.”
De acordo com a PF, os criminosos utilizaram de elevado nível de conhecimento técnico-militar para formar o gabinete onde o golpe de Estado foi articulado. Planejamento e coordenação para execução de ações ilícitas foram realizadas entre os meses de novembro e dezembro de 2022.
Além do Amazonas, o Exército Brasileiro acompanhou o cumprimento dos mandados nos estados do Rio de Janeiro e Goiás, além do Distrito Federal. A maioria dos investigados são militares com formação em Forças Especiais (FE).
Quem são os investigados?
Hélio Ferreira Lima: Tenente-Coronel que comandava a 3ª Companhia de Forças Especiais do Comando Militar da Amazônia (CMA). Foi destituído do cargo em fevereiro deste ano e preso, nesta terça-feira (19), no estado do Rio de Janeiro.
O Diário da Capital solicitou um posicionamento do Comando Militar da Amazônia (CMA), onde Hélio exerceu a função até a destituição, mas até o momento não recebemos retorno. O espaço segue aberto.
Mário Fernandes: General de Brigada e ex-ministro interino da Secretaria-Geral, Secretário Executivo da PR. Atualmente, ele é reformado e assessor do deputado Eduardo Pazuello.
Rafael Martins de Oliveira: Tenente-Coronel das Forças Especiais do Exército. Segundo a investigação, ele negociou com o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, para custear a ida de manifestantes a Brasília. Estava afastado do cargo por medidas cautelares determinadas pela Justiça. Ele foi preso no estado do Rio de Janeiro.
Rodrigo Bezerra de Azevedo: tenente-coronel preso numa base militar em Goiânia, capital do estado de Goiás.
Wladimir Matos Soares: Policial Federal que trabalhava na segurança de Lula em 2022. Segundo a PF, ele repassava informações a respeito do dia a dia do petista a pessoas próximas do então presidente Jair Bolsonaro. Ele foi preso em Brasília.
Sobre a operação
A Operação Contragolpe já cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, e cumpre ainda três mandados de busca e apreensão e 15 medidas cautelares diversas. Elas incluem:
- Proibição de manter contato com demais investigados;
- Proibição de se ausentar do país, com entrega de passaportes no prazo de 24 (vinte e quatro) horas;
- Suspensão do exercício de funções públicas.
O Exército Brasileiro acompanhou o cumprimento dos mandados, que estão sendo efetivados nos estados do Rio de Janeiro, de Goiás e do Amazonas, além do Distrito Federal.