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Saúde e Bem Estar

Paracetamol: O medicamento cercado de mistérios e amplamente consumido

Vendas milionárias, mecanismo de ação desconhecido e riscos de overdose: conheça o cenário do paracetamol

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July 26, 2023
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O paracetamol é um dos medicamentos mais consumidos em todo o mundo e amplamente disponível em farmácias, sem necessidade de receita médica. Estimativas indicam vendas anuais de 49 mil toneladas nos Estados Unidos e 70 unidades por pessoa no Reino Unido. Apesar de sua popularidade, o paracetamol ainda é cercado de mistérios, e o mecanismo de ação desse remédio não foi completamente desvendado pelos cientistas.

A substância foi sintetizada no final do século XIX e lançada comercialmente nas décadas de 1950 e 1970 nos EUA e Brasil, respectivamente, sob o nome comercial Tylenol. Mesmo após mais de seis décadas de uso, ainda não há consenso sobre como o paracetamol age no corpo para reduzir a dor ou baixar a febre.

Especialistas acreditam que o paracetamol pode interferir nas ações de enzimas chamadas ciclooxigenases (COX), relacionadas à sensação dolorosa e ao aumento da temperatura corporal. Além disso, observou-se ação do medicamento em neurotransmissores e vias cerebrais, contribuindo para seu efeito analgésico. Contudo, não há consenso sobre os efeitos exatos do paracetamol no corpo.

O medicamento é encontrado em diversas apresentações e é adicionado à composição de mais de 600 produtos farmacêuticos diferentes, estando disponível em 23 das opções farmacológicas mais vendidas no Brasil. Sua ampla disponibilidade e baixo custo o tornam uma opção popular para tratar diversos incômodos, como dor e febre.

Entretanto, as evidências sobre a eficácia do paracetamol variam para diferentes condições. Estudos mostram que o medicamento não é superior ao placebo no tratamento de dores na região lombar e em certos casos relacionados ao tratamento do câncer. Seus efeitos são considerados "pequenos" em casos de artrite no joelho ou quadril, mas podem apresentar algum benefício no alívio de enxaquecas agudas e dores pós-parto ou pós-cirúrgicas.

Apesar de ser amplamente disponível sem prescrição médica, é importante respeitar a dosagem diária máxima recomendada, que é de 4 gramas para adultos. O problema surge quando o fígado não consegue metabolizar a quantidade excessiva de paracetamol, o que pode levar à falência hepática aguda. Overdoses acidentais podem ocorrer quando os pacientes ingerem diversas medicações que contêm paracetamol simultaneamente.

Nos Estados Unidos, overdoses de paracetamol foram a principal causa de falência hepática aguda entre 1998 e 2003, resultando em internações e, em casos graves, transplante hepático. Para reduzir riscos, a FDA limitou a dosagem máxima do medicamento a 325 mg por comprimido desde 2011.

Apesar dos riscos e incertezas sobre seu mecanismo de ação, o paracetamol continua sendo amplamente utilizado devido à sua disponibilidade, uso histórico e poucas alternativas para tratar dores e febres. No entanto, é importante que as pessoas busquem a avaliação de um profissional de saúde e sigam as orientações prescritas, especialmente se a dor persistir ou piorar após dois ou três dias de tratamento. O uso consciente e responsável é fundamental para garantir a segurança e eficácia do paracetamol.

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