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Oposição enfraquece e David Almeida não irá à CMM responder sobre “casamento milionário” da filha

O resultado da votação evidencia a força da base aliada de Almeida, enquanto a oposição indica enfraquecimento

Escrito por
Rhyvia Araujo
October 21, 2024
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Foto: Reprodução/Instagram

A oposição contra o prefeito David Almeida (Avante) na Câmara Municipal de Manaus (CMM) enfrentou uma significativa derrota nesta segunda-feira (21/10), durante a votação de um requerimento que convidava Almeida a prestar esclarecimentos sobre denúncias de suposto uso de dinheiro público no casamento da própria filha. 

A cerimônia, que aconteceu em 2022 na cidade de São Miguel dos Milagres (AL), teria superado a marca de R$ 1,5 milhão. O resultado da votação foi de 19 votos favoráveis contra 9 votos, colocando em evidência a força da base governista na Casa Legislativa, enquanto a oposição indica enfraquecimento.

Durante a votação, Rodrigo Guedes (Progressistas), autor do convite, reforçou a importância de investigar o caso, afirmando que a suspeita de corrupção relacionada a festas particulares e o uso de dinheiro público impacta diretamente a população. “O próprio prefeito postou nos dias do casamento como se ele estivesse em Manaus, várias postagens como se estivesse trabalhando em Manaus, então a gente precisa apurar. Nossa obrigação legal e moral”, defendeu o vereador, que ainda ressaltou que as denúncias vieram à tona recentemente.

A defesa do prefeito foi conduzida por vereadores da base, como Dione Carvalho (Agir), que acusou a oposição de estar “perturbada” em um período eleitoral, insinuando que os ataques são desproporcionais e parte de uma estratégia política.

“Estamos em uma reta final de uma eleição, é natural que a oposição fique perturbada com tudo que está acontecendo, é natural também que vamos fazer oposição, mas vamos pelo menos trabalhar com a verdade. Ataques só faltando dias é uma tremenda covardia da parte de muitos aqui, mas não falte com a verdade, sem atacar a família”, afirmou Dione.

William Alemão retrucou, questionando a natureza da festa que, segundo ele, teria sido realizada de forma clandestina. “Agora ouvi um vereador falando de ‘oposição perturbada’. O que a população de Manaus quer saber é se essa festa, que foi escondida, eu não sabia, e se alguém já sabia e não falou nada, é cúmplice. Agora por que foi escondida e quem pagou a conta?”, indagou.

Em defesa de Almeida, o vereador Sassá da Construção Civil (PT) defendeu a ideia de que o prefeito tem o direito de realizar eventos pessoais.

“Será que o prefeito não tem condições de fazer uma festa para a filha dele ou o noivo? Eu sou uma pessoa que vai sair desse mandato de cabeça erguida e nunca ataquei a vida pessoal de ninguém”, afirmou o parlamentar.

Resultado expressivo e a fraqueza da oposição

Logo após as discussões, o convite para o prefeito responder aos questionamentos da oposição, foi barrado por 19 vereadores que fazem parte do grupo de Almeida, sendo eles: Mitoso (MDB), David Reis (Avante), Jander Lobato (PSD), Rosinaldo Bual (Agir), Raulzinho (MDB), Kennedy Marques (MDB), Dione Carvalho (Agir), Alonso Oliveira (Agir), Professor Samuel (PSD), Eduardo Alfaia (Avante), Elan Alencar (DC), Sassá (PT), Joelson Silva (Avante), Wallace Oliveira (DC), Isaac Tayah (MDB), Sabino (Republicanos), Eduardo Assis (Avante), Gilmar Nascimento (Avante) e Fransuá (PSD).

Ao Diário da Capital, Gilmar Nascimento (Avante) minimizou as preocupações levantadas, argumentando que não há exigência legal para que o prefeito preste esclarecimentos sobre sua presença em eventos particulares.

“Nós temos muitas coisas importantes. Não há nenhuma exigência legal do prefeito prestar qualquer informação com relação a isso. O prefeito pode tá trabalhando em Manaus e deslocar em determinado horário para viajar, isso não muda nada, qual que é o problema? O prefeito tem compromissos aqui e pode chegar a noite no casamento, não tem problema nenhum. Isso é muito pequeno”, respondeu Nascimento.

Enquanto isso, apenas os vereadores Rodrigo Guedes (PP), Bessa (PSB), Prof. Jacqueline (UB), Thaisa Lippy (PSD), Alemão (Cidadania), Carpê (PL), Lissandro Breval (PP) e Diego Afonso (PP) foram favoráveis ao requerimento, sinalizando uma clara perda de poder de fogo.

Questionado pela reportagem sobre a votação expressiva que resultou na rejeição do requerimento, Guedes culpou as “saidinhas” dos vereadores durante a votação: “Tinha três vereadores ausentes e outros vereadores, pelo que percebi, eles saem na hora da votação. Acho que não querem se expor, desagradar de repente até o prefeito, né? Eles saem na hora da votação, não tem como obrigar. E me parece que acontece isso, aquela saidinha, né? Que atrapalha, lógico”, afirmou Guedes.

Resumo do caso

A denúncia entregue ao Ministério Público (MP) revela que o casamento da filha de David Almeida, em São Miguel dos Milagres (AL) teve custos superiores a R$ 1,5 milhão e pode ter sido financiado com dinheiro público. David Almeida é acusado de ter organizado um casamento em Manaus, supostamente para ocultar os reais gastos de uma primeira cerimônia que aconteceu de forma simples também na capital amazonense.

O evento, que contou com a presença de autoridades, incluindo secretários municipais e o então vice-governador, Tadeu de Souza, é visto como uso indevido de recursos públicos para benefícios pessoais e familiares.

No sábado (20), David Almeida (Avante) disse estar “indignado” com a notícia. “Agora, mais um ataque à minha família”, disse o então prefeito em vídeo publicado nas redes sociais. “Os custos que falam nesta matéria são totalmente absurdos e irreais, fora da realidade”, completou.

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