Apesar do painel registrar 40 presenças e uma falta, o plenário da Câmara Municipal de Manaus (CMM) esteve vazio na metade da sessão desta terça-feira (1/4). A ausência de parte dos vereadores da base aliada do prefeito David Almeida (Avante) foi um prato cheio para a oposição, que usou o espaço para criticar a atual gestão municipal. Os parlamentares apontaram questões como mobilidade urbana, a deterioração das ruas e a escassez de obras efetiva como alguns dos maiores problemas enfrentados pela cidade em meio a contratações de empréstimos bilionários.
Rodrigo Sá (PP), que iniciou com as discussões, elencou que a administração municipal tem se limitado a mudanças superficiais no trânsito, como ajustes nos semáforos. Na segunda-feira (31/03), o prefeito David Almeida, afirmou em coletiva de imprensa, que parte dos recursos do empréstimo de R$ 2,6 bilhões, autorizado pela Casa, serão destinados para a ampliação da pista da Avenida Paraíba e o alargamento da Avenida André Araújo.
“A gente precisa entender que mobilidade urbana não se muda com mudança de semáforo apenas. Manaus não tem sinalização horizontal, vertical adequada, não tem obras de infraestrutura que melhorem a vida das pessoas. As poucas obras feitas na cidade de Manaus são uma bela porcaria. (…) Parem de enganar a população fazendo mudança de semáforo, tempo de semáforo e mudanças de faixa. Faça mudanças estruturais!”, disparou Sá.
Rodrigo Guedes (PP), também da oposição, concordou com Sá e acrescentou que a cidade está se deteriorando ao longo dos anos. Ele ainda questionou o alto investimento no complexo viário Rei Pelé, na zona Leste, apontando que os recursos poderiam ser melhor aplicados em outras áreas da cidade. “Eles ainda estão com a cabeça de que solução para trânsito é viaduto. Alguns são necessários, sim, agora um viaduto de R$ 100 milhões, ali da Bola do Produtor, quantas obras você não faria na cidade de Manaus mais importantes que um viaduto? Não dá pra dizer que tá tudo bem”, reforçou.
Outro crítico foi o vereador Zé Ricardo (PT), que apontou falta de transparência sobre o destino dos recursos públicos com o empréstimo contraído. “Agora a Prefeitura conseguiu aprovar a autorização para fazer empréstimos de R$ 2,6 bilhões, mas aqui nesta Casa ninguém discutiu nada sobre a utilização desses recursos, o que realmente vai ser feito de estruturante para esta cidade”, cobrou o vereador.
Raiff Matos (PL) também se manifestou sobre a situação das ruas da cidade. “Eu não aguento mais receber denúncias sobre buracos! Algo que deveria ser primordial de uma gestão consertar. A prefeitura tem realizado alguns trabalhos, mas ainda é pouco, precisa de mais robustez com esse tema”, disse o vereador.
Na mesma linha, o vereador Capitão Carpê (PL), fez duras críticas à falta de ação por parte da Prefeitura em relação ao problema dos buracos. “Nunca se teve tanto buraco na cidade de Manaus como nos últimos anos por falta de atenção, porque dinheiro tem. A Prefeitura de Manaus fez vários empréstimos, somando quase R$ 2 bilhões, e acaba de ser aprovada mais uma autorização de empréstimo de R$ 2,6 bilhões. Não há nenhuma desculpa para a Prefeitura de Manaus ter esse tipo de problema”, afirmou.
Após a sessão, Rodrigo Sá, em entrevista ao Diário da Capital, afirmou que, apesar do espaço parlamentar ter sido favorável à oposição nesta terça-feira, o vereador citou uma possível blindagem por parte dos apoiadores de David Almeida (Avante), especialmente em dias de votação que beneficiam a administração municipal.
“A base só se faz presente quando tem algum assunto de interesse da Prefeitura, e ela se faz presente muito bem, de forma orquestrada. A base se fortalece quando é por interesse não republicanos. (…) Quando eles [da base] estão aqui dão um jeito de evitar que a gente fale. Hoje pude trazer em pauta temas importantes da falta de infraestrutura, mobilidade urbana, falta de planejamento que foca no mundo de ilusão, da base que traz uma cidade que a gente não enxerga”, criticou.
Do lado da base, Rodinei Ramos (Avante), em entrevista à reportagem, ressaltou que, apesar das críticas, a Prefeitura tem feito o possível para atender a cidade, principalmente em momentos de chuva, que atrapalham o andamento das obras.
“A prefeitura está fazendo muito, mas Manaus é muito grande, cresceu demais e precisa de uma situação mais atuante, os secretários estão fazendo e espero que quando passar mais essas chuvas as obras sejam mais aceleradas”, reforçou Ramos.
Ramos ainda reprovou a fala do vereador Rodrigo Guedes, que criticou o engarrafamento no viaduto Rei Pelé. Segundo ele, a obra segue em andamento e apenas no final da construção “a gente vai ver o que melhorou e o que não melhorou”, disse o vereador.