Uma nova onda de fumaça voltou a cobrir a capital amazonense nesta segunda-feira (4), resultando em uma qualidade do ar “ruim” na maioria das zonas de Manaus, de acordo com o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva). Este ano, a cidade já enfrentou situações semelhantes nos meses de setembro e outubro. Na ocasião, o fenômeno foi causado pelas intensas queimadas registradas no Sul do Amazonas.
Procurado pelo Diário da Capital, o superintendente do Ibama no Amazonas, Joel Araújo, destaca que o “fumacê” vem da região do Baixo Amazonas, onde o órgão não atua, pois a competência é do Estado e municípios, conforme prevê a legislação 140/2011. Ele ainda comenta sobre a origem da fumaça, afirmando que ela é provocada por queimadas realizadas ilegalmente por pecuaristas.
“Há o cometimento de uso ilegal de fogo nas práticas agrícolas, na região do Baixo Amazonas. Com certeza absoluta a região de Itacoatiara, Parintins, Nhamundá e até o oeste paraense estão no período onde muitos infratores ilegais promovem o uso do fogo. O Sul do Amazonas continua queimando, mas eu acredito que agora tenha muita influência do Baixo Amazonas. Mas a gente continua com nossas brigadas no Sul do Estado e em Autazes, que atua em todas as terras indígenas e tem trabalhado em diversos aspectos, como educação ambiental”, afirmou Araújo.
Ele também ressaltou que, apesar da situação amena, o Ibama mantém as brigadas no Sul do Estado e em Autazes, onde estão atuando em terras indígenas e promovendo educação ambiental. “Ocorre que a região (de Autazes), como resultado, não é uma região que está havendo grandes incidências de incêndios. Onde o Ibama tá não tá havendo incêndios. O Estado e os Municípios (têm que cuidar)”, destaca Joel.
À reportagem, também foi informado pelo Ibama que, até o momento, não houve acionamento dos municípios para que o órgão pudesse atuar no Baixo Amazonas, mas a equipe está monitorando a situação.
“Não houve acionamento dos municípios para que o Ibama fosse atuar, mas estamos monitorando. Mas volto a repetir, onde nós estamos o fogo está controlado”, finaliza o superintendente.
A calha do Baixo Amazonas é composta pelos municípios de Barreirinha, Boa Vista do Ramos, Nhamundá, Urucará, São Sebastião do Uamutã, Parintins e Maués.
Focos de incêndio
Conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o mês de outubro registrou mais de 2.500 queimadas em todo estado, sendo o segundo pior mês desde 1998. Comparado com o ano passado, no mesmo período, o Amazonas registrou 3.858 focos de calor.
Nesta segunda (4), o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva) classificou a qualidade do ar como “muito ruim”, especialmente no bairro Zumbi 2, na Zona Leste, onde os níveis de poluição alcançaram 79,2 µg/m³. O ar é considerado de boa qualidade quando os níveis estão entre 0 e 25 µg/m³.
O Diário da Capital entrou em contato com a Defesa Civil do Estado e a Sema, mas até o momento não houve retorno. Segundo a Defesa, uma nota em conjunto com a Sema está sendo realizada e em breve será divulgada.