Demorou, mas aconteceu. No último dia 23 de novembro de 2024, o estado do Amazonas contou com o registro e a ação da primeira mulher a narrar uma partida de futebol. E não foi qualquer competição e muito menos qualquer profissional. O marco que a jornalista Suelen Gonzaga fez parte abre um precedente sem igual para todas as mulheres amazonenses e profissionais que almejam um espaço que é de todos e há muito tempo que não tem motivo algum de ser segmentado.
Suelen narrou a final da Copa da Floresta de 2024, na cidade de Fonte Boa (distante mais de 800 quilômetros de Manaus), no Alto Solimões. Enfrentando um total de 46 horas de viagem, 25 para ir e 21 para voltar. Se tornou de fato e de direito a única mulher que dentro da Amazônia gritou gol. O simbolismo da estreia dela passa pelo fato de, além de ser uma amazonense do interior, da cidade de Itacoatiara, pode presenciar e narrar um gol marcado por outro amazonense de fato e de direto da cidade de Silves. Não há um batizado mais feliz do que este, carregado da história que Suelen ajudou a contar e a encorajar centenas de mulheres que tanto querem esse espaço.
O pioneirismo dela também carrega uma preparação singular que vou detalhar ainda mais e que começa com a minha chegada ao Sistema Encontro das Águas. No mês de julho, fui acometida por um sério problema de saúde, e na fila para atendimento, meu direct do Instagram recebe uma mensagem de Thaís Magalhães informando que existia um projeto de esportes na TV Encontro das Águas e que eu era a cara disso. Naquele momento, eu precisei recusar a reunião, pois iria passar por um procedimento de saúde e automaticamente precisaria me ausentar e ficar de repouso. Porém, a insistência permitiu que mesmo assim quisessem se reunir comigo, mesmo assim alguns dias depois e desta forma eu vim. Com algumas dores ainda, sentei no dia 17 de julho na cadeira do Gabinete do presidente do Sistema Encontro das Águas, Oswaldo Lopes e dali em diante virou uma história marcante desde o começo.
Contratada, a primeira missão que ele jogou no meu colo foi lançar uma narradora de futebol no Amazonas. E assim, surgiu a Suelen Gonzaga nesta história e pioneirismo envolvido. Logo que soube do que tínhamos de objetivo, acionei Luciana Mariano para contar a novidade com o único intuito de dividir esse baita acontecimento que tem o poder de alcançar todas as mulheres que buscam seu espaço. O que não podia ficar ainda mais histórico contou com a mentoria da Luciana, ela que foi a primeira mulher narradora do Brasil e da América Latina. Quis desde sempre somar neste processo por entender a importância e o peso desta conquista.
E assim começamos a desenhar um novo momento para o futebol amazonense e o jornalismo esportivo. Suelen passou a ser treinada, ensinada e viveu como poucos essa fase. Passou por provações e no divisor deste caminho natural, fluiu inteiramente para aquele momento que assistimos no último sábado. Antes da bola rolar e ela começar a fazer história, oramos juntas. Sempre confiei que cabia a ela abrir essa porta tão importante para tantas de nós e que bom que aconteceu, que bom que ela mergulhou. É pesado o que ela fez, vem com muita responsabilidade e claro muitas críticas mas, ela está pronta. Nasceu pra ser GRANDE e coube dentro deste BAITA acontecimento.
E pra vocês que quiserem saber mais sobre esse dia histórico, aqui está o link da transmissão da final da Copa da Floresta.
