O que era para ser uma missão espacial de oito dias se transformou em uma estadia forçada de meses. Inicialmente, os astronautas Butch Wilmore e Suni Williams enfrentariam um prolongamento de três meses, mas agora terão que esperar até o início de 2025 para retornarem à Terra. O motivo? A Nasa considerou arriscado demais trazê-los de volta na mesma cápsula da Boeing em que subiram, optando por transportá-los em uma cápsula da concorrente SpaceX.
Essa decisão representa um golpe para a Boeing, que tinha um contrato de R$ 8 bilhões com a Nasa para fornecer a cápsula Starliner. Segundo o jornalista de ciência Salvador Nogueira, que explicou o caso em entrevista ao podcast O Assunto, a situação é particularmente embaraçosa para a empresa, mas ao mesmo tempo, demonstra a força da estratégia da Nasa de ter dois fornecedores para missões espaciais.
“Para a Boeing, é um fiasco. Para a Nasa, é uma demonstração de força, pois a agência pode escolher a opção mais segura”, comenta Nogueira, referindo-se à decisão de usar a cápsula da SpaceX, empresa do bilionário Elon Musk, para trazer os astronautas de volta.
Os representantes da Boeing, que garantiam a segurança da cápsula Starliner, foram excluídos das últimas reuniões com a Nasa. A agência, por outro lado, demonstrou cautela, citando um histórico de acidentes fatais e a necessidade de evitar subestimar riscos.
Ainda que a escolha da SpaceX seja vista como uma vitória estratégica, a Nasa enfrenta o risco de perder a parceria com a Boeing no futuro, o que poderia comprometer a redundância de fornecedores — um dos pilares da segurança nas missões espaciais.
Agora, Wilmore e Williams devem permanecer mais oito meses no espaço, com retorno previsto apenas para o final de fevereiro de 2025, totalizando uma espera muito além do planejado.