Desde o fim de agosto a qualidade do ar de Manaus é insalubre por conta de uma densa fumaça que toma conta da cidade, mas até o momento as autoridades que atuam no combate aos focos de queimadas não conseguiram definir - tampouco combater - a origem dos incêndios. Nesta sexta (3/11), o governador Wilson Lima afirmou que as partículas vêm do Pará, mas essa afirmação não se sustenta tecnicamente, de acordo com especialista.
“Não é possível afirmar que a culpa é do Pará”, disse o físico e doutor em meteorologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Rodrigo Ferreira, um dos responsáveis pelo Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental Selva. “A Região Metropolitana de Manaus também é responsável pela fumaça”.
De acordo com informações do Inpe, o Pará reuniu mais de 32 mil focos de queimadas neste ano, o que corresponde a 21% do total no país. O Amazonas é o segundo com mais registros, com 18 mil focos acumulados (12%). Nos primeiros dias de novembro, o Pará acumulou mais de mil focos, o que corresponde a 54% acumulado do período em todo o Brasil.
Embora não seja possível comprovar tecnicamente, a Superintendência do Ibama no Amazonas também considera a origem da fumaça como oriunda de estados como Pará, Amapá, Mato Grosso e até do estados da região Nordeste. De fato, eles concentram a maior quantidade de focos, conforme monitoramento do Inpe via satélite.
Embora a situação pareça controlada no Amazonas, o estado esteve em chamas em outubro, superando 3 mil focos, o pior mês que se tem registro nesse quesito. E o índice de qualidade do ar atingiu o pior patamar nos dias 12 e 13 de outubro. Nesse período, a quantidade de focos de queimadas estava sob controle, mas a fumaça densa foi provocada por queimadas no município de Autazes em dias anteriores.
A Superintendência do Ibama no Pará atribuiu o aumento de focos de incêndio aos impactos do El Niño. “A equipe do Prevfogo, em conjunto com a do ICMBio, atua nos combates aos incêndios na RESEX Tapajós Arapiuns desde o dia 5 de outubro”. O instituto atua com 94 profissionais no estado vizinho.
O DIÁRIO DA CAPITAL entrou em contato com a assessoria de comunicação do Governo do Estado do Pará para saber quais medidas o estado está adotando para conter as queimadas, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.