Os candidatos a vice-prefeito de Manaus se reuniram, nesta segunda-feira (19), em um debate que levantou questões sobre como resolver os principais desafios da cidade. O evento expôs as distintas propostas e abordagens dos candidatos em relação a moradias, segurança nas escolas, e questões ambientais.
No debate, apenas quatro candidatos marcaram presença: Maria do Carmo (Novo), Luiz Castro (PDT), Damiana Amorim (PSTU) e Renata (Mobiliza). De última hora, Renato Júnior (Avante), Coronel Menezes (Progressitas) e Nancy Segadilha (Cidadania) comunicaram que não compareceriam ao confronto. As ausências ainda renderam críticas dos postulantes presentes. Confira os destaques:
MORADIAS, RECURSOS E DIGNIDADE
A Professora Renata, vice de Wilker Barreto (Mobiliza), apontou a necessidade de encontrar recursos para resolver o déficit habitacional em Manaus. Segundo ela, o orçamento público de Manaus está comprometido e carece de financiamentos, inclusive por meio do programa Mapa Manaus, para a construção de habitações sociais em áreas urbanas. Renata defendeu também a utilização de créditos do governo federal para viabilizar esses projetos.
“Sabemos que precisamos investir (em moradias). Em primeiro lugar nós vamos ter que encontrar o dinheiro, porque o orçamento público de Manaus está muito comprometido. O programa Mapa Manaus (mostra) um vazio urbano, e lá pode ser construído habitações sociais, em áreas já consolidadas e isso reduz os custos dessas construções. Nós vamos construir habitações sociais e recorrer aos créditos do governo federal”, afirmou Renata.
Por outro lado, Damiana Amorim, que concorre ao cargo de vice-prefeito na chapa de Gilberto Vasconcelos (PSTU) apresentou uma proposta mais radical. Amorim prometeu desenvolver um plano para a construção de moradias. “Em possível governo do PSTU, nós vamos legalizar as ocupações, vamos garantir um plano de obra, onde sejam feitas moradias populares e vamos garantir que essas famílias tenham dignidade”, respondeu Amorim.
SEGURANÇA NAS ESCOLAS E MODELOS EDUCACIONAIS
Luiz Castro (PDT), vice na chapa de Marcelo Ramos (PT), abordou a questão da segurança nas escolas, argumentando que apenas câmeras de segurança não são suficientes. Castro defendeu a reintegração de vigilantes e agentes de portaria, como exemplo, para garantir um ambiente escolar seguro e protegido.
Em contraste, Maria do Carmo, do Novo, defendeu a implementação de escolas cívico-militares como solução para melhorar a disciplina nas escolas. Ela argumentou que esse modelo traria eficiência e valorização dos professores, elementos que, segundo ela, são essenciais para a educação.
“Quando a gente fala de levar a disciplina em escola cívico-militares, é disso que falamos. É colocar a criança de frente para o que ela precisa, sem fantasias. Foi o que levou a gente ao sucesso em nossas empresas: professores bem valorizados, trabalhando com gosto e ensinando. É isso que se deve ter dentro das escolas: aula, sala de aula (…) Vamos fazer uma verdadeira revolução”, provocou a vice de Alberto Neto.
Castro, no entanto, refutou a proposta de Maria do Carmo, citando o Ceará como um exemplo de sucesso na educação sem a necessidade de escolas cívico-militares. “O Ceará alcançou avanços significativos através da formação contínua de professores”, disse ele, destacando que o modelo do PDT poderia ser seguido em Manaus para alcançar melhorias na educação.
Ao Diário, o vice de Marcelo Ramos, afirmou não ser contra a implementação de escolas cívico-militares, mas reforçou que o modelo não solucionaria os entraves da educação. “A educação em tempo integral é fundamental para resgatar a nossa educação. Nós não precisamos de escolas cívico-militares em larga escala para evoluir a nossa educação, precisamos qualificar os nossos professores”.
Luiz Castro ainda criticou o orçamento reduzido da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Ele sugeriu que, com Marcelo Ramos, seria possível acessar recursos federais e internacionais para projetos de impacto, incluindo bioeconomia.
CRÍTICAS E AUSÊNCIAS
No debate, os candidatos não pouparam críticas aos candidatos ausentes. “Eles deveriam explicar os erros cometidos”, afirmou Luiz Castro, reforçando a importância da transparência e responsabilidade. “Eles ignoram e menosprezam a população. A gente vê pessoas tipo ditadores trabalhando como não devia”, disse Maria do Carmo.
MIGALHAS E ESCRAVIDÃO
Os termos “migalhas” e “escravidão”, usados por Maria do Carmo para exemplificar a distribuição de cestas básicas, e uma referência ao projeto Bolsa Família, não passaram batidos. Questionada pelo Diário da Capital, Maria argumentou que essas iniciativas assistencialistas não abordam as causas profundas da desigualdade.
“Manter as pessoas escravas disso, siginifica que você quer ter outro tipo de escravidão, isso é cruel, isso é perverso. É óbvio que a gente precisa cuidar dessas pessoas dando o básico, mas não ficar no básico dando aquilo que o povo merece. Mas não ficar no básico, aquilo que o povo merece que deveria ser o PIB per cápita, que é muito mais que as migalhas que o povo recebe. Isso eu não aceito”, respondeu Maria.
Por outro lado, Maria do Carmo adotou uma postura mais neutra em relação ao reajuste de 20% dos benefícios do Bolsa Família promovido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro no fim do mandato. Ao Diário, Maria não avaliou o caso como “migalha ou escravidão”.
“Quando ele aumentou é porque a gente sabe que precisa fazer isso, até que as pessoas consigam sobreviver. A gente vai cuidar para que essas pessoas possam alçar voos mais altos”, garantiu a vice candidata de Alberto Neto. Embora sua crítica tenha sido direta, Maria não apresentou alternativas claras de como resolveria os respectivos problemas.
Apesar do debate não descambar para baixarias, os candidatos a vice-prefeito demonstraram mais equilíbrio quando comparado ao debate entre os prefeituráveis.