Médicos e enfermeiros que atuam no Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto, na zona Centro-Sul de Manaus, denunciam descaso por parte do governo de Wilson Lima (União Brasil) e da Secretaria de Saúde do Amazonas (SES-AM). De acordo com informações do Movimento Independente do Amazonas, profissionais, com mais de 20 anos de serviço na unidade de saúde, teriam sido notificados por meio de telefonemas e mensagens a comparecer ao local para retirar seus pertences e desocupar os armários.
Na segunda-feira (16), integrantes da equipe de saúde realizaram uma coletiva no Instituto de Cirurgia do Estado do Amazonas (Icea) para falar sobre a transferência das cirurgias do Complexo Hospitalar Zona Sul para uma nova empresa contratada pela Organização Social (OS) Associação Gestão, Inovação e Resultados (Agir), denunciando a falta de comprometimento do governo estadual.
O Dr. Marcus Cohen, presidente do Icea, afirmou que tanto a empresa contratada quanto os profissionais da área de saúde continuaram a trabalhar, apesar de três meses de salários atrasados e questionou os motivos para a dispensa dos trabalhadores pela Agir.
“O governo sempre teve atrasos, mas costuma se regularizar com o tempo. No momento, estamos sem receber desde setembro. No entanto, nenhuma das 27 unidades sob nossa gestão ficou desassistida por causa de pagamentos em atraso. Não há nenhuma relação entre a não contratação do Icea e litígios com o governo ou a SES-AM”, declarou o Dr. Cohen.
O médico explicou ainda que, no dia 29 de novembro, a Agir enviou um contrato às empresas, e logo no início de dezembro, a OSS assumiu a gestão do Hospital 28 de Agosto e do Instituto da Mulher Dona Lindu. O Icea não assinou o contrato por não conhecer a Agir, que sequer foi apresentada aos gestores e prestadores de serviços.
Além disso, até as empresas que inicialmente aceitaram o novo contrato acabaram sendo desfeitas, e nenhum dos antigos prestadores foi incluído nos planos da nova OSS. O Icea argumenta que o desligamento dos médicos representa uma violação do contrato com o Governo do Amazonas e garantiu que a população amazonense não sofrerá com a falta de atendimento.
O Diário da Capital questionou o Governo do Estado sobre as alegações, mas até o momento não recebeu retorno. O espaço segue aberto.
Crise na saúde
No dia 16 de dezembro, as cooperativas que gerenciavam os serviços de ortopedia e cirurgia no Hospital 28 de Agosto e no Instituto da Mulher Dona Lindu anunciaram a saída de médicos das unidades. A mudança ocorreu após a chegada da empresa Agir, para assumir a administração dos hospitais.
Profissionais de saúde apontaram uma possível redução no número de leitos na unidade de saúde com a chegada da nova gestão, o que foi descartado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) de acordo com o último pronunciamento.
Em resposta, a pasta garantiu que não haverá redução no número de leitos, citando a abertura de 46 novos leitos na unidade em 2024. Além disso, afirmou que a Organização Social Agir contratou novos ortopedistas para dar continuidade aos serviços, após a recusa das empresas que prestavam os serviços até então.