Um estudo recente publicado na revista Ecology and Evolution revelou que as matas ciliares localizadas nas margens dos igarapés de terra firme da Amazônia possuem uma diversidade evolutiva significativa, superando a de florestas próximas a rios maiores de água preta.
Essa pesquisa, coordenada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e realizada em colaboração com a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Universidade Federal do Amapá (Unifap) e o Instituto Max-Planck de Biogeoquímica, ressalta a importância de preservar essas áreas para a manutenção da biodiversidade local.
O estudo, conduzido ao longo do Rio Falsino, na Floresta Nacional do Amapá, analisou cerca de 2.500 árvores e suas relações evolutivas. A equipe identificou que a profundidade do lençol freático e a altura das inundações influenciam diretamente a diversidade de espécies. Florestas marginais a igarapés de terra firme, que sofrem inundações curtas e imprevisíveis, apresentaram uma maior diversidade filogenética em comparação com os igapós, onde as inundações são mais intensas e limitam a diversificação.
A primeira autora do artigo, Sthefanie Gomes, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia do Inpa, destaca que a legislação ambiental atual não abrange microbacias como as dos igarapés de terra firme, tornando esses resultados ainda mais importantes para a conservação. As matas ciliares desempenham papéis cruciais, como garantir a qualidade da água, prevenir erosão e regular o clima, além de abrigar espécies adaptadas exclusivamente a esses ambientes.
Com as mudanças climáticas alterando os regimes de inundação e aumentando o risco de perda de biodiversidade, os pesquisadores enfatizam a necessidade de proteção dessas áreas, promovendo práticas de manejo sustentável e influenciando políticas públicas para garantir a preservação da Amazônia.