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Mais de 200 espécies de plantas têm nome científico alterado por razões sociais

Botânicos decidem substituir termo racista em nomes científicos de plantas em decisão inédita no Congresso Botânico Internacional

Escrito por
Redação
August 13, 2024
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Foto: Banco de Imagem

Em uma decisão histórica e inédita, mais de 200 espécies de plantas terão seus nomes científicos alterados por razões sociais. A decisão foi tomada durante o Congresso Botânico Internacional, realizado em Madri, onde os botânicos optaram por substituir o termo “caffra”, presente nos nomes de plantas originárias da África, por “affra”. Essa mudança reflete a crescente sensibilidade social e política na comunidade científica, marcando a primeira vez que nomes de plantas são alterados por razões que não são estritamente científicas.

A palavra “caffra” carrega conotações racistas, sendo considerada uma calúnia racial extremamente ofensiva no sul da África, e sua substituição visa corrigir um erro histórico. Originalmente, o termo derivava do árabe, onde significava “descrente” e era usado para se referir a não muçulmanos, sendo posteriormente redirecionado para escravos pretos africanos.

A partir de 2026, plantas como a árvore coral da costa, anteriormente conhecida como Erythrina caffra, passarão a ser chamadas de Erythrina affra. Embora essa mudança tenha sido aprovada com uma votação de 351 a 205, ela gerou controvérsia entre os especialistas.

Fred Barrie, botânico do Field Museum em Chicago, expressou preocupações sobre a estabilidade na nomenclatura botânica, alertando que a mudança de milhares de nomes de espécies pode se tornar “um pesadelo impraticável”. Sergei Mosyakin, presidente da Sociedade Botânica Ucraniana, também destacou que esta discussão pode ser apenas o começo, já que há milhares de nomes de espécies que podem ser considerados ofensivos sob o contexto social atual.

Além da mudança de “caffra”, os cientistas também decidiram criar um comitê de ética para revisar os nomes de espécies a partir de 2026. Essa medida visa evitar que futuros nomes científicos carreguem conotações negativas ou ofensivas, garantindo que a ciência avance com uma perspectiva mais inclusiva e respeitosa.

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