Começa nesta quarta-feira (26) o julgamento de Fernando Sabag Montiel, brasileiro acusado de tentar assassinar a ex-presidente argentina Cristina Kirchner em 1º de setembro de 2022, em frente à sua residência.
Montiel, armado com uma pistola, se infiltrou em um grupo de simpatizantes em frente à casa de Kirchner, aproximou-se dela, apontou a arma e tentou disparar várias vezes, sem sucesso. A arma, um revólver calibre 38 carregado com cinco balas, falhou, e a vice-presidente não foi ferida. A Polícia Federal argentina, responsável pela segurança de Cristina, deteve Montiel rapidamente.
O julgamento, que começa quase um ano e sete meses após o atentado, foi anunciado em março deste ano. Serão ouvidas mais de 200 testemunhas no Tribunal Oral Federal 6 da Argentina, composto atualmente por três juízes suplentes: Adrián Grünberg, Sabrina Namer e Ignacio Fornari. A Procuradora-Geral da República, Gabriela Baigún, representará o Ministério Público, enquanto Kirchner será representada pelos advogados Marcos Aldazabal e José Manuel Ubeira.
A primeira audiência, a única que será transmitida pelo YouTube durante todo o julgamento, focará na leitura detalhada do que ocorreu no dia do ataque e nos pontos importantes da investigação. As audiências subsequentes serão semanais, com aproximadamente quatro horas de duração cada.
Três pessoas são acusadas pelo crime: Sabag Montiel, Brenda Uliarte e Nicolás Carrizo. Uliarte, namorada de Montiel na época, foi acusada de ser coautora da tentativa de homicídio. A polícia encontrou conversas entre os dois que revelam o plano para matar a ex-presidente. Uliarte foi presa na Argentina após a polícia descobrir imagens de câmeras de segurança mostrando o casal junto no transporte público no dia do ataque, contradizendo suas declarações públicas.
Carrizo, amigo do casal e líder da “banda de los copitos”, vendedores ambulantes de algodão-doce, também é acusado. Mensagens em seu celular indicam que ele estava ciente do ataque e até forneceu uma pistola calibre 22, que não foi usada no crime.
Sabag Montiel, em depoimento inicial, tentou inocentar a namorada, afirmando ter agido sozinho. Ele não expressou arrependimento e justificou a falha da arma devido ao nervosismo e tumulto no momento. O brasileiro, que vive na Argentina desde 1993, tem um histórico de detenções por porte ilegal de armas e ligações com grupos extremistas.
O julgamento ocorre em um contexto de crise econômica e política na Argentina, com alta inflação e muitos cidadãos vivendo abaixo da linha da pobreza, exacerbando as tensões sociais e políticas no país.