O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) registrou deflação em julho, a primeira em dez meses, impulsionado pelo recuo nos preços da energia elétrica e dos alimentos. O indicador, considerado uma prévia da inflação oficial medida pelo IPCA, teve uma variação negativa de 0,07% em julho, sendo o resultado mais baixo desde setembro de 2022. O dado representa uma queda mais intensa do que a expectativa dos analistas, que projetavam uma variação negativa de 0,01%, de acordo com pesquisa da Reuters.
Em termos acumulados em 12 meses até julho, a inflação medida pelo IPCA-15 alcançou 3,19%, a leitura mais fraca desde setembro de 2020. Com esse resultado, a taxa de inflação passa a ficar abaixo do centro da meta para este ano, que é de 3,25%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
O destaque para a deflação em julho ficou por conta da queda de 3,45% nos preços da energia elétrica residencial, após a incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas do mês. Esse movimento resultou na deflação de 0,94% no grupo Habitação em julho. Além disso, o grupo Alimentação e Bebidas também apresentou deflação de 0,40%, com destaque para os alimentos com preços em queda, como feijão-carioca (-10,20%), óleo de soja (-6,14%), leite longa vida (-2,50%) e carnes (-2,42%).
Em contrapartida, o grupo Transportes subiu 0,63% em julho, impulsionado pelo aumento de 2,99% nos preços da gasolina. No entanto, o gás veicular também registrou alta (0,06%), enquanto o óleo diesel (-3,48%) e o etanol (-0,70%) apresentaram deflação. Com esses resultados, os combustíveis acumularam alta de 2,28% no mês.
Os dados do IPCA-15 trouxeram maior expectativa de um corte na taxa Selic na próxima semana. O mercado ampliou suas projeções para um corte de 0,5 ponto percentual, passando de 43% para 47% de probabilidade. As expectativas de um corte de 0,25 ponto percentual também diminuíram, passando de 47% para 45,5%. Os próximos passos do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central estão no radar dos investidores, que aguardam a definição do rumo da taxa básica de juros.