Ao longo de 2023, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 11.502 internações relacionadas a lesões autoprovocadas, como tentativas de suicídio e autolesões intencionais. O número representa um aumento de 25% em comparação aos 9.173 casos de 2014, de acordo com dados divulgados na quarta-feira (11) pela Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede).
A associação destaca a importância de capacitar médicos de emergência, que geralmente são os primeiros a atender esses casos, para proporcionar um atendimento rápido e eficiente. A entidade também alerta para a possibilidade de subnotificações e inconsistências nos registros, o que pode indicar que o número real de casos seja ainda maior.
Em termos regionais, alguns estados apresentaram aumentos significativos nas internações. Alagoas liderou com um salto de 89%, seguido pela Paraíba (71%) e Rio de Janeiro (43%). Já estados como São Paulo e Minas Gerais, embora com números absolutos elevados, apresentaram aumentos percentuais mais modestos, de 5% e 2%, respectivamente.
A análise de perfil revelou que as mulheres foram as mais afetadas, com um aumento nas internações de 3.390 em 2014 para 5.854 em 2023. O grupo etário mais vulnerável são os jovens de 20 a 29 anos, que representaram 2.954 internações no ano passado. A Abramede enfatiza a necessidade de uma abordagem que combine cuidado técnico com acolhimento emocional.
A campanha Setembro Amarelo reforça a importância de pedir ajuda e promover a discussão aberta sobre saúde mental, buscando reduzir o estigma associado ao suicídio. Todos os anos, o Brasil registra cerca de 14 mil casos de suicídio, uma média de 38 por dia, segundo autoridades de saúde.
Em escala global, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que mais de 700 mil pessoas tiram suas próprias vidas anualmente, sendo o suicídio a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. A entidade trabalha para reduzir em um terço a taxa global de suicídios até 2030, como parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.