Uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) revelou o desaparecimento de peixes endêmicos do rio Uatumã, no Amazonas, após a construção das hidrelétricas de Balbina e Pitinga. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapeam), o estudo investigou sete espécies de peixes reofílicos, que vivem em águas rápidas, e constatou que elas não foram mais encontradas na área afetada pelas barragens.
Durante a primeira expedição, em 2023, abaixo da UHE Balbina, os pesquisadores coletaram quase mil exemplares, mas nenhuma das espécies alvo foi registrada. O desaparecimento do Badi (Mylesinus schomburgkii), uma espécie de pacu, antes comum na região, simboliza o impacto ambiental causado pelas usinas. Alterações na qualidade da água e no habitat natural também foram identificadas, afetando a biodiversidade e as comunidades locais.
Na segunda fase do estudo, em 2024, a equipe explorou áreas preservadas em busca dos peixes desaparecidos. No rio Jatapu, um afluente do Uatumã ainda não impactado por hidrelétricas, pesquisadores conseguiram registrar algumas das espécies ameaçadas, como o Harttia uatumensis, o famoso bodó, além de descobrir até 15 espécies potencialmente novas para a ciência.
Os resultados sugerem que esses afluentes podem ser refúgios para peixes que desapareceram da área principal do rio Uatumã. Segundo os pesquisadores, a identificação dessas populações é fundamental para criar planos de conservação e garantir a sobrevivência dessas espécies.
O estudo continua com a análise do material coletado, e os cientistas planejam novas expedições para aprofundar o conhecimento sobre a biodiversidade local. As informações obtidas poderão contribuir para políticas ambientais e estratégias de preservação junto a órgãos como o Ibama e o ICMBio.