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Incidente com cachorro acirra disputa política entre deputada, vereador e candidato 

Conflito sobre a morte de um cachorro em Manaus se transforma em batalha política

Escrito por
Rhyvia Araujo
August 28, 2024
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Foto: Reprodução

Um incidente envolvendo a morte de um cachorro, no Núcleo 23 da Cidade Nova, resultou em um bombardeamento de acusações e confrontos entre figuras políticas locais. A deputada estadual Joana Darc (UB), o marido e candidato a vereador, Aldenor Lima (UB), o vereador e candidato à reeleição, Raulzinho (MDB) e um líder comunitário, são os protagonistas do conflito.

A repercussão do caso ainda se estendeu na manhã desta quarta-feira (28), para o plenário da Câmara Municipal de Manaus (CMM) e da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).

ENTENDA

A confusão generalizada teve início após um cachorro ser atropelado por uma mulher que estava à serviço da Prefeitura de Manaus. Ela realizava obras de asfaltamento na região, mas conforme relatos, ela não conseguiu desviar do animal.

O acontecimento tomou uma dimensão política quando Luan Patrono, que se apresentou como líder comunitário do núcleo 23 do bairro Cidade Nova, alegou ter sido agredido por outro indivíduo identificado também como líder comunitário da região. 

Joana Darc, conhecida pela atuação em defesa dos direitos dos animais, foi chamada ao local para investigar a denúncia. Segundo ela, a administração municipal falhou em não prestar assistência adequada ao animal. Ainda no local, Luan questionou a ausência da parlamentar no bairro e iniciou uma série de protestos contra a parlamentar e o esposo. Já nas redes sociais, Joana expôs que Luan trabalharia para o vereador Raulzinho, além disso, ele estaria respondendo a um processo por abusar da filha e de outras crianças.

REPERCUSSÕES EM PLENÁRIO: “AMOSTRADINHO FINANCIADO” E “VEREADOR DE MEIA TIGELA”

O debate sobre o incidente se estendeu para os plenários da Câmara Municipal de Manaus e da Assembleia Legislativa do Amazonas nesta quarta-feira (28).

Em seu discurso, Joana Darc forneceu detalhes do caso, além de destacar que horas após a morte do cachorro, surgiram novas denúncias alegando que Luan estava sendo investigado por crimes graves, incluindo abuso de menores e pornografia infantil. 

“Na maioria das vezes que você vai verificar o histórico de uma pessoa que é agressora de animais, você verifica que é um agressor de pessoas. A prova é tanto que depois, após o amostradinho querer ficar famoso em cima desse caso, ele foi exposto e a família da filha dele e das crianças que ele estuprou fizeram a denúncia diretamente pra mim e aqui está o processo. Várias folhas de um processo que está na justiça, no qual ele estupra a própria filha e outras crianças da família. E fazer pornografia infantil”, disse Joana. “Agora o Luan Patrono achou pro dele. Eu só vou sossegar quando ele estiver preso, quando a justiça for feita. Ele vai ficar bem famoso, mas famoso como estuprador de criança, abusador de criança”, finalizou.

O deputado Rozenha (PMB), em favor de Joana Darc, direcionou críticas ao líder comunitário, acusando-o de ser financiado pelo vereador Raulzinho.

“Eu confesso que ontem que se tratava apenas de mais um caso de maus tratos e mais um caso de uma amostradinho financiado pelo gabinete de algum vereador de meia tigela, que infelizmente é o caso. Não dá pra permitir que esse cidadão permanece impune diante de evidências tão contudentes de estupro de incapaz. (…) O fato é que aquele cidadão foi com um serviço dado, que foi jogar a sociedade amazonense contra a causa animal, tanto que após apanhar da família ele chegou a falar que veio aqui pra apanhar mesmo, ou seja, ele foi preparado para protagonizar uma cena lamentável e politizar algo que não precisava ser politizado”, afirmou Rozenha.

A RESPOSTA DE RAULZINHO: “VOCÊ NÃO FAZ NADA”

Enquanto Joana Darc discursava em seu favor, na Câmara Municipal de Manaus, o vereador Raulzinho, candidato à reeleição e uma das figuras envolvidas no conflito, dava versões sobre as acusações de Joana. Em sua visão, o evento foi manipulado para gerar um espetáculo político. Ele ainda argumentou que a presença da deputada foi uma tentativa de “lacração”.

“No meu entendimento (foram) para lacrar. Quem não tem trabalho busca lacração. Eu, tenho um trabalho com a causa animal, mas nunca, em nenhum momento, eu mostrei um animal em situação insalubre, em situação de atropelamento. Até porque é crime. E no ocorrido, ao chegar a deputada, a motorista daquele rolo, é uma mulher. E ela tem pets em sua casa. O animal estava deitado atrás do rolo e foi no intervalo do almoço. Todo mundo sabe que um rolo faz barulho, se o animal estava atrás, era inevitável escutar, não tinha como. Ligaram para a deputada, para o seu Aldenor, que a gente tem que frisar aqui que é candidato a vereador, e chegaram lá o animal já morto, ao invés de fazer os procedimentos corretos, preferiram fazer live (…) Foi um acidente, ela não tinha a intenção de matar, é diferente quando você pega um veículo e passa por cima do animal”, disse Raulzinho.

Segundo Raulzinho, a deputada e o marido não apenas falharam em intervir adequadamente durante o tumulto, mas também foram coniventes com o linchamento de Luan.

“O espancamento acontecendo e eles lacrando, não se preocupando com a vida daquela pessoa. Não satisfeito, o seu Aldenor, agrediu um senhor de idade verbalmente (…) Agora o que mais me estranha, é que ele está escondido, a mulher é que fala por ele, ele não se manifesta”, afirmou o vereador.

Raulzinho também desmentiu a alegação de que o líder comunitário presente no local era um de seus assessores, afirmando que a assistência do líder era meramente voluntária.

“Ela disse, em suas lives, que ele é meu assessor, ele foi meu militante. Hoje ele é meu militante. Eu não estava no local, mas pude ver a live toda, passei a noite pensando, vendo a live, ô que coisa absurda! Eu quero aqui dar o meu repúdio, assim como ela foi repudiada quando ela acusou todos os deputados estaduais de tá pegando dinheiro, depois correu. Correu! Depois de ter mentido, ela correu! Ela acusou o rapaz de um crime que é segredo de justiça, e mostrou o processo. Qual é a pessoa que tem acesso a um processo em segredo de justiça? Ninguém! Ela deixou, ele deixou o linchamento público e agora quer linchar nas redes sociais”, repudiou Raulzinho.

O vereador ainda criticou a forma como o incidente foi tratado nas redes sociais e na mídia, acusando Joana de transformar a tragédia em um evento de promoção pessoal e desinformar o público: “Eu moro no Mutirão e ando nas comunidades próximas. Após as eleições, eu não vejo, nem ela, nem ele, fazer nada por animal nenhum. Agora, pode vir Aldenor, sai de trás dela! Vai nas tuas redes sociais e fala por que você agrediu um idoso ou peça desculpas! É bonito pedir desculpas! Você não faz nada. É o meu repúdio a esse candidato Aldenor, e o meu repúdio a deputada que estava lá e não fez nada”, pontuou Raulzinho.

Nas redes sociais, o líder comunitário Luan Patrono afirmou que não irá se manifestar a respeito das acusações de estupro e pornografia infantil, mas destacou que não faz parte da equipe de Raulzinho. O Diário da Capital também constou que o homem não integra a equipe de Raulzinho.

“Não sou assessor do Raulzinho, já fui, mas faz um tempo que não sou mais, faço bico de fotógrafo e ganho meu dinheirinho no portal, meu apoio ao Raulzinho é voluntário, pesquisem no diário de manaus e vocês verão!”, escreveu.

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