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Guerra de CPIs provoca discussão acalorada entre vereadores: “vagabundo”

O que não era esperado é que Alfaia anunciasse a entrada de uma outra CPI voltada à administração da própria CMM

Escrito por
Rhyvia Araujo
September 18, 2024
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Foto: Reprodução/Internet

Insultos e acusações predominaram as discussões entre vereadores da Câmara Municipal de Manaus (CMM), nesta quarta-feira (18), após a Procuradoria da Casa Legislativa aprovar a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que mira no prefeito David Almeida (Avante) e familiares. Em dado momento, o presidente da CMM, vereador Caio André (UB), também afirma que os líderes partidários devem indicar os membros para a CPI contra a Semcom iniciar as investigações.

“Está instaurada a CPI, após o término desta sessão plenária convoco o colegiado de líderes para que nós indiquemos os membros desta CPI, bem como os membros da CPI referente ao requerimento legislativo nº 5.107/2024, que trata da CPI contra a SEMCOM”, afirmou o presidente da Casa.

A fala de Caio André, no entanto, gerou reações imediatas, especialmente entre os aliados de David Almeida. O vereador Eduardo Alfaia, expressou extrema insatisfação e classificou a CPI da Terceirização da Corrupção como um processo apressado e de motivação política. “Quero lamentar o episódio do dia de ontem e hoje, que vossa excelência se presta ao desserviço de tentar a poucos dias das eleições, decidir de forma célere e o que me estranha mais é o parecer da Procuradoria, que foi ontem protocolado e hoje já ficou disponível, e o presidente a todo custo, por uma manobra política de Wilson Lima e Roberto Cidade querer denegrir a imagem do prefeito David”, declarou Alfaia. 

O que não era esperado é que Alfaia anunciasse que a entrada de uma outra CPI, está voltada à administração da própria CMM, questionando a transparência da gestão de Caio André. 

“Já que nós estamos nos prestando a esse desserviço eleitoreiro, nós estamos também hoje protocolando uma CPI contra a administração da Câmara Municipal de Manaus. Vossa excelência veio aqui usou por algumas vezes o termo transparência, sabe o que o Ministério Público de Contas fala a respeito da sua gestão: nos despencamos. A CMM não tem transparência”, afirmou Alfaia.

A tensão aumentou ainda mais quando o vereador Rodrigo Guedes, ao ser citado por Eduardo Alfaia de ficar calado com ações suspeitas do grupo de Wilson Lima, chamou Alfaia de “passador de pano da corrupção” e “pau mandado” do prefeito.

“Vossa excelência é pago pelo prefeito David Almeida de várias formas diferentes. Eu assinei todos os documentos da CPI, diferentemente de vossa excelência que não assinou nenhum, porque você sabe o motivo muito bem de não ter assinado nenhum documento. É um pau mandado! Vossa excelência gastou R$ 1 milhão de cotão! Lave a sua boca pra falar de mim, lave sua boca!”, disparou Guedes.

Alfaia, por sua vez, reagiu com indignação:

“Mandou eu lavar a boca? Não senhor presidente, por um moleque desse? Um palhaço desse? Esse rapaz é um palhaço, você me respeita. Eu vou chamar ele de vagabundo, senhor presidente, esse rapaz é um palhaço. Você me respeite!”.

Minutos depois, Caio André subiu à tribuna para comentar que a CPI só estava paralisada desde abril em função da própria base aliada do prefeito. “Eu fui acusado, pessoalmente, de dar celeridade em alguns trabalhos da Câmara. Celeridade em certo ponto, porque a outra CPI está desde abril dormitando em função da falta de indicação por parte dos líderes, para que nós déssemos início a algo que foi muito claro. Distribuição de dinheiro dentro da Semcom”, disse o presidente.

Caio André ainda afirmou que iria contribuir com o andamento da CPI que Alfaia está propondo.

“O parlamento pode assinar, faço questão que assinem a CPI que vossa excelência propõe. Eu não posso ser acusado de trazer processo pra cá pra dentro, eu não, eu nunca falei de voto e eleição nesta tribuna. Não cometi irregularidades, tenho certeza disso. Como o prefeito, se não cometeu, não deveria ter medo da CPI”.

Ao Diário da Capital, Guedes disse que a cena é extremamente lamentável e que medidas judiciais serão tomadas. “Tanto internas da Câmara, de representação no Conselho de Ética, quanto também policiais”, respondeu.

Já Alfaia, questionado pela reportagem, voltou a falar do “acordo” entre os líderes partidários sobre adiar a CPI da Semcom para depois das eleições. “Isso claramente é um movimento político e eleitoreiro do Roberto Cidade que tem aqui os seus aliados políticos que se utilizam desse instrumento para tentar desgastar a imagem do prefeito. Se o (Caio André) tivesse o mínimo de decência ele falaria a verdade. Ontem, de forma repentina, ele decidiu determinar que os líderes indicarem os membros da CPI. Havia um acordo, portanto para que não houvesse nenhuma contaminação, ficou acordado (o adiamento)”, comentou.

O aliado de Almeida, por outro lado, admitiu que a CPI que protocolou também é resultado de motivação política. “Decidi me debruçar sobre as contas da CMM a poucos dias, a investigar ainda mais, confesso isso. Já que estamos nos prestando a tudo isso, vamos agir de forma eleitoreira”, afirmou Alfaia. À reportagem, o vereador ainda comentou que a CPI já alcançou 15 assinaturas, o suficiente para ser encaminhada à Procuradoria da Casa. 

Quanto aos insultos proferidos ao vereador Rodrigo Guedes, Alfaia afirma que não se arrepende de ter se exaltado.

“Fui ofendido, quando alguém me manda eu lavar a boca pra falar o nome dele, ou seja, ele não tá dizendo que não tem o mínimo de dignidade, ele tá me ofendendo. Fiquei de fato exaltado, não (vai ter pedido de desculpas), espero que tenha por parte dele”, finalizou Alfaia. 

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