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Meio Ambiente

Garimpo ilegal ressurge no Rio Madeira e ameaça povos indígenas no AM

Balsas voltam a operar na região, despejando mercúrio e destruindo o meio ambiente, segundo o Greenpeace.

Escrito por
Redação
February 04, 2025
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Imagem: Bruno Kelly/Greenpeace

Mesmo após a destruição de 459 dragas em 2024 por uma grande operação da Polícia Federal, Funai e Ibama, o garimpo ilegal voltou a tomar conta do Rio Madeira, no Amazonas. Uma denúncia do Greenpeace revela que cerca de 130 novas dragas foram identificadas na região por meio de imagens de satélite, confirmando a continuidade da atividade criminosa que compromete a saúde e a segurança dos povos indígenas.

Mesmo após a Operação Prensa, que em agosto de 2024 destruiu centenas de balsas e desmontou esquemas de trabalho análogo à escravidão em Terras Indígenas, os garimpeiros continuam expandindo sua atuação de forma descontrolada. A impunidade e a falta de fiscalização constante permitem que o crime ambiental prospere, colocando a população indígena em situação de extrema vulnerabilidade.

O avanço do garimpo na região amazônica é alarmante. Dados do MapBiomas indicam que a área garimpada na bacia do Madeira mais que dobrou entre 2007 e 2020, atingindo 9.660 hectares, o equivalente a mais de 8.200 campos de futebol. Além disso, metade das operações na Amazônia ocorre ilegalmente dentro de Terras Indígenas e Unidades de Conservação, demonstrando a dimensão da crise ambiental.

Além da contaminação da água e dos alimentos, a presença dos garimpeiros nas Terras Indígenas traz outras ameaças. Há denúncias de assédio contra jovens indígenas, introdução de álcool e drogas nas aldeias e destruição da organização social das comunidades. Em alguns casos, os criminosos chegam a coagir indígenas a trabalharem para eles em condições degradantes.

Diante da falência das operações pontuais, ambientalistas e lideranças indígenas alertam para a necessidade de ações estruturais. O Greenpeace Brasil desenvolve uma ferramenta de monitoramento em tempo real para detectar novas frentes de garimpo, mas apenas a tecnologia não basta. É urgente a criação de políticas públicas que combatam o garimpo ilegal de forma permanente e ofereçam alternativas econômicas sustentáveis para a população local.

“A repressão isolada não é suficiente. Precisamos de políticas integradas para acabar com essa destruição ambiental e social. O Rio Madeira não pode continuar sendo palco de impunidade”, afirma Jorge Eduardo Dantas, da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil.

Perigo

A extração ilegal de ouro no Rio Madeira utiliza grandes quantidades de mercúrio, um metal altamente tóxico que se acumula na água e nos peixes, principais fontes de alimentação das comunidades locais. A exposição prolongada pode causar danos neurológicos graves e até a morte. A contaminação não afeta apenas os indígenas, mas todo o ecossistema da Amazônia, colocando em risco a biodiversidade e a vida de milhares de pessoas que dependem do rio para sobreviver.

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